Hoje um artigo da primeira dama dos Estados Unidos sobre o projeto de melhorar a alimentação de crianças foi publicado no The New York Times e merece ser lido.
Aqui reproduzo o link publicado pelo Uol. Ameaça no projeto de alimentação saudável.
Muito mais do que pelo caráter político, o artigo pode ser uma oportunidade para refletir sobre como, todos os dias, temos tratado a nós mesmos a partir do que colocamos boca adentro.
O assunto tem me perseguido nos últimos dias.
Fui à quarta edição do Comida de Blog no Sesc Consolação da última quarta-feira, 28/05, cujos convidados eram os blogueiros Isabela Saldanha, gastrônoma, e Felipe Luz, fotógrafo, ambos do Fotografando à Mesa e o instagramer (eu nem sabia que existia esse termo!) Fabio Moon. Conversa vai, conversa vem, o assunto derivou e foi parar em como comemos o que comemos e como é tratado o alimento que chega às nossas casas, mesas, bocas e estômagos.
Lendo os Gurus da Gastronomia, do Stephen Vines, editado no Brasil pela Prumo em 2013, inevitavelmente, o que me chama mais atenção pelo profundo antagonismo de ideias são os capítulos que tratam de Carlo Petrini (ver pág 223-234), do movimento Slow Food, e o de Ray Kroc (pág. 169-179), do McDonalds.
Na disciplina de História da Gastronomia do professor Rodrigo Stolf, uma proposta de análise sobre o ato de nutrir-se a partir do que se busca com o movimento Slow Food e sua características interdisciplinares envolvendo antropologia, sociologia, agricultura, tecnologia, economia, medicina, além do saber e do prazer que nos é dado em casa no que se refere a alimentação.
Agora o artigo da primeira dama americana…
Possivelmente isso tem a ver com uma busca muito minha de encontrar uma forma de me alimentar, trabalhar rentavelmente com comida e falar dela a partir dos prazeres que oferece nos restaurantes e nos preparos de receitas que, convenhamos se tiver manteiga vai ser mais saboroso, sem aviltar o que saudável. Meu olhar está dedicado a isso, afinal.
Tenho pensado em cardápios que sejam nutritivos e saudáveis e ao mesmo tempo prazerosos. Lá na casa da minha mãe, em certo período, eu fui nomeada “fazedora das saladas” e ouvia as meninas dizendo vez ou outra “ah! deixa a tia Clau fazer a salada”. Isso porque as saladas que eu produzia eram bonitas de apresentação, quase sempre coloridas ou com um degradê de verdes ou vermelhos, dependendo dos ingredientes, mas sempre prezavam muito por serem saborosas.
Eu amo sal, preciso confessar. Só que entendo o seu papel e já cheguei a pensar que eu era viciada nesse sabor. Hoje como menos, mas ainda poderia diminuir a dose. Nessa época das saladas nos almoços de família, eu tive um cuidado especial de pesquisar temperos e molhos diferentes, que não ficassem só nos deliciosos sal, azeite e vinagre ou limão. Descobri o toque do mel, o iogurte e muito do que ele proporciona, o tahine, as variações que proporcionam algumas frutas como o maracujá e a romã, fora as especiariais, que são um capítulo a mais a ser escrito.
Ninguém deixava de comer salada, com folhas diversas, legumes, castanhas, às vezes proteínas como frango ou bacalhau desfiado, frutas da estação e dá-lhe imaginação e criatividade para juntar e não estragar por excesso de “saladice”. Importante era oferecer textura, cor, formato, bons ingredientes (os mais puros quanto fosse possível, às vezes realmente não é) e paladar. Tudo isso preparado com dedicação e cuidado. Mais ainda, tudo era feito para ter equilíbrio, mesmo que isso viesse só pelo instinto.
Proponho que, como eu, a partir de hoje e sem culpa, você também faça uma reflexão no seu cardápio diário. Veja o que está comendo e se precisa daquilo. Escolha melhor o que vai comer e tente não fazer isso só pra matar a fome, mas para se nutrir de maneira adequada.
Diminua o sal, coma mais lentamente, mastigue e sinta o gosto do alimento. Prove sabores novos, dê chance para si mesmo de conhecer algo mais, saindo do conforto. Nem sempre custa muito caro provar novos ingredientes gostosos. Seu cerébro vai pode querer se manter no mesmo lugar e pode enganá-lo insinuando que você não gosta daquilo, mas tente. Seu corpo pode gostar,
Outra dica é cheirar os alimentos que vai comer, dá um prazer… tanto quando for comprar uma fruta, verdura, hortaliça, quanto quando estiver em frente ao prato pronto.
Meu plano inicial era fazer uma crítica a um restaurante que fui na semana passada, mas não resisti ao assunto que pulsava na minha frente.
Espero que a reflexão seja válida.
Bom findi!
PS: Um beijo pro André que hoje é aniversário dele. Amo você, amigo!