Não importa qual seja o pão da sua escolha, o ato de transformar a matéria prima, neste caso quase sempre a farinha de trigo, em alimento (e que alimento! o pão, o pão nosso de cada dia! ) é de fato uma satisfação divina. É construir algo palpável, saudável, cheiroso, apetitoso… uma dádiva.
Entre as coisas mais deliciosas que podemos fazer na cozinha os pães são líderes incontestáveis. Primeiro porque são irresistíveis, não há quem não goste. Há quem não coma, mas quem não goste, digamos, eu nunca vi! Depois porque acompanham bem outros alimentos, dão sustentação a uma refeição, por exemplo, feita de salada e proteína. Mais que isso, pães são alimentos sagrados. Nunca ouviu sua avó dizer que não se joga pão no lixo? Eu não jogo jamais.
Na manhã de ontem, fizemos ciabatta, focaccia e uma variação dela, sua prima francesa fougasse.
Escolhi compartilhar a experiência da focaccia hoje porque realmente a relação custo-benefício é excelente, uma vez que o pão é fácil de fazer, faz pouca sujeira na cozinha, rende bastante, pode ser recheado ou não, fica pronto com certa rapidez (se comparado a outros pães), é suave, macio, além de guardar uma certa elegância para ir à mesa e, por conta disso mesmo, funcionar para diversas ocasiões. Mais motivos? Faça e descubra.
Quero aqui fazer mais uma breve reflexão sobre a generosidade de quem ensina a fazer pão. E esse post dedico a minha atual professora, Camila Caldeira. Segundo a Wikipedia,
generosos são tanto as pessoas que se sentem bem em dividir um tesouro com mais pessoas porque isso as fará bem, tanto quanto aquela pessoa que dividirá um tempo agradável para outros sem a necessidade de receber algo em troca.
Pois é isso que sinto quando tenho uma aula de panificação. Sinto aflorar a generosidade, transbordar o entendimento entre as partes e o resultado disso é pão. Uma relação simples e bonita em forma de comida.
Para quem nunca fez foccacia, trata-se de um pão rústico italiano, do tipo massa de pizza grossa, fofinha. Só agora me ocorreu que devo ter ficado tão emocionada com a foccacia porque se parece muito com a pizza que a minha avó Angelina fazia, a partir de uma receita que tia Dionísia anotou do programa da Xênia na televisão. Não sei se é a mesma receita, preciso consultar as receitas da família, mas deve haver alguma semelhança. Não no fermento que na receita da Xênia era fresco, daqueles de padaria, mas no preparo, sim, deve haver coincidências.
Focaccia
Ingredientes
Massa
5 gramas (1/2 pacotinho) de fermento biológico seco
250 gramas (1 xícara de chá) de farinha de trigo
25 gramas (1 colher de chá) de açúcar refinado
2,5 gramas (1 colher de café) de sal
20 gramas (1 colher de sopa) de manteiga sem sal
150 ml (3/4 de xícara de chá) de leite integral
Cobertura (ou recheio, como preferir)
Alecrim seco
Sal grosso
50 ml de azeite extravirgem
1/3 de cebola cortada em julienne*
Modo de fazer
Misture todos os ingredientes secos para aerá-los um pouco. Leve-os à batedeira montada com o batedor de gancho e, aos poucos, acrescente a manteiga e o leite. Bata até que a massa fica completamente lisa e elástica. Retire a massa da batedeira e deixe descansar por 10 minutos.
Unte uma assadeira alta e com fundo removível com azeite e distribua a massa descansada em toda sua extensão. Deixe-a fermentar coberta com filme plástico até que dobre de volume.
Quando estiver crescida, afunde suavemente os dedos em toda extensão da massa para que fique ondulada. Por cima distribua a cebola picada, o alecrim, regue com azeite (sem excessos) e polvilhe sal grosso.
Leve ao forno pré-aquecido em 190 graus por 8 minutos. Depois reduza a temperatura para 150 graus até que doure levemente sem deixar chamuscar a cebola.
Desenforme quando tiver esfriado um pouco. Corte em fatias (triângulos de pizza) e sirva só ou como acompanhamento de patês, manteiga (que pode ser saborizada), queijos cremosos ou azeites.
Esse pão pode ser congelado depois de pronto. Para descongelar é só levar ao forno diretamente por cerca de 10 minutos em temperatura média (120 a 150 graus).
Só pra constar: a pizza da minha avó Angelina era feita numa forma retangular e sempre coberta com muçarela, presunto, tomate, orégano e cebola. Sabor inigualável. Fiquei com água na boca e uma saudade imensa da cozinha da casa dela. A melhor pizza pra comer fria do mundo!
Uma reflexão compartilhada: Desde que resolvi estudar no período da manhã, como tudo na minha rotina muda muito com isso, venho tentando me adaptar. Lamentavelmente os reflexos dessa adaptação podem ser vistos com clareza no blog. Espero que meus leitores amados me desculpem a falta dos últimos tempos. Explico, mas não justifico. Não tenho conseguido me dedicar ao blog como gosto, e como o leitor merece, mas estou me acertando e, com calma e delicadeza, tudo se ajeita. Estou certa disso.
Esse é o meu grupo na turma de Gastronomia. As fotos dos pratos que preparamos juntos são sempre do Marcos ou da Patrícia e, às vezes, da minha xará Cláudia.
Da esquerda para direita: Paty, Mara, Claudia, eu e Marcos |
Até amanhã! Beijos renovados de Páscoa que passei em Itu com a mãe, fazendo faxina de reforma. A casa dela ficou linda!!!! Linda como ela merece!
* julienne – corte em tiras finas e uniformes.
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amo!