Se você pretende ir para a Argentina e não quer se restringir à capital Buenos Aires, vá a Mendoza! Mas, vá preparado porque são muitas as opções, os preços não são os mais convidativos e se refletir e planejar não vai assustar com nada e poderá escolher o que quer fazer. Será maravilhoso!
Vou contar um pouco das minhas impressões sendo que fiquei lá somente uma semana. Não voltaria amanhã porque ando um pouco cansada já que viajar dá um certo trabalho e eu acabei de voltar. Mas voltarei um dia porque há muito para desfrutar naquele lugar.
A cidade é bonita, fica aos pés do que eles, lá, chamam de Pré-Cordilheira (dos Andes). O clima é bom, apesar de seco. Faz frio no inverno (e nas Altas Montanhas, mesmo que seja primavera) e calor no verão. Há uma boa infraestrutura para o turista, o atendimento é caloroso e quase sempre bastante solícito. Além disso, em nada aparenta ser um lugar inseguro. Ao contrário, apesar do agito dos bares, restaurantes e lojas, parece um lugar de tranquilidade, com muitas pessoas nas ruas, incluindo muitas crianças, tanto em carrinhos de bebês como correndo pelas praças e andando nos ônibus ao saírem das escolas, nem sempre acompanhadas de adultos.
A infraestrutura a que me referi para o turismo diz respeito a itens como aeroporto, rede hoteleira para todo tipo de poder aquisitivo, agências de viagem que oferecem passeios padrão e também personalizados para conhecer os principais atrativos da região (tanto as vinícolas quanto as montanhas), locadoras de veículos, bus tour que passa pelos principais pontos turísticos da cidade no sistema hop on hop off, rua de comércio de suvenires e outros que agora não me ocorrem.
Tudo começa com grana – change money
Como disse, vá preparado. A questão do valor do dinheiro pode assustar, especialmente se você viajar para Argentina, achando que lá não teve inflação nos últimos anos e, mais ainda, se não estiver atento ao que ocorreu com o câmbio brasileiro em 2015. Logo, a dica é: vá preparado para não se chocar com os preços.
No momento, a nossa moeda está muito desvalorizada e, como diz o Silas, acabou a farra do consumo exagerado da classe média brasileira que aprendeu nos últimos anos a viajar para o exterior com moeda super valorizada, ou seja, valendo quase o mesmo que o dólar que é moeda de país forte economicamente.
Quem converte não se diverte – Esse é um ditado recorrente, mas é só um dito popular que pode levar muita gente a se endividar à toa. Dá, sim, pra se divertir e será ainda melhor se você for prático e rápido o bastante para calcular o quanto vale cada coisa que vai fazer ou comprar. Claro que ninguém viaja para ficar olhando o frango girando na televisão de cachorro em frente à padaria. O que não significa que tudo o que vir pela frente deve ser comprado.
Na Argentina, ainda funciona a pleno vapor o câmbio negro de moeda estrangeira, em especial, dólares, euros e também reais, devido à proximidade do Brasil e a quantidade de turistas brasileiros por lá. Cambiar moeda no paralelo, ou seja, no câmbio não oficial tem riscos, mas é uma prática comum nas regiões turísticas argentinas.
A cotação oficial para câmbio é de $ 9,53 (pesos argentinos) para cada US$ 1 (dólar) e $ 2,50 para cada real. Assim, quando cobrarem por uma coca light no restaurante o valor de 37 pesos, você estará pagando oficialmente R$ 14,80 por uma garrafinha de refrigerante de 290 ml.
Deu pra entender que é preciso escolher o que se quer consumir, certo? Há mil formas de lidar com isso. Eu, pessoalmente, não vou me endividar bebendo coca light!
Deixando um pouco de lado a questão financeira, as atrações são muitas em Mendoza.
Vinícolas
Há três regiões vitivinicultoras definidas em Mendoza que são: Maipu, Valle del Uco e Luján del Cuyo. Em todas elas há vinícolas de vários portes, oferecendo um visual memorável dos parreirais e dos vinhedos, do sopé da montanha ao céu azul limpo sem uma só nuvem porque o clima é seco, com bodegas, visitas e degustações, guias super preparados para explicar como e quanto se produz, além de restaurantes, passeios de bicicleta, chás da tarde etc.
Chama mesmo a atenção a quantidade de vinícolas da região. São 1200, segundo o motorista do sistema remis que usamos assim que chegamos para ir do aeroporto até o hostel onde nos hospedamos no centro da cidade, bem ao lado da avenida Las Heras (a principal do comércio das lembrancinhas).
Minha xará Cláudia era quem alugava as bikes, ela nos fotografou! |
Nós, Silas e eu, junto com outros amigos, alugamos bicicletas e rodamos por algumas vinícolas. No entanto, embora a região seja plana e fácil para pedalar e o visual estonteantemente lindo, o sol castiga muito e depois da segunda degustação de vários vinhos, a gente já está um pouco “borracho” para dirigir qualquer veículo. Mas é só alegria, só risada e descontração.
Vinícola Mevi, em Maipu |
Noutro dia, fomos de ônibus e depois caminhando até o Museu do Vinho. Esse vale um post exclusivo.
Altas Montanhas
Fizemos um passeio inesquecível à Cordilheira dos Andes. Partindo de Mendoza, fomos primeiro a Potrerillos, em seguida a Uspallata, depois visitamos a Torre del Incas e subimos, subimos e subimos, até ficarmos cara a cara com o maior pico da América Latina: o Monte Aconcágua. Lembrei-me da dona Sandra, minha primeira professora de Geografia. Foi com ela que aprendi que o ponto mais alto do Brasil é o Pico da Bandeira e o maior da América do Sul é o Aconcágua: simplesmente magnífico. São 6.962 metros de altura acima do nível do mar.
De todas as viagens que faço tenho memórias de lugares esplêndidos. Só por brincadeira comigo mesma, eu costumo ter um ranking das primeiras colocações por ordem do quanto fiquei impressionada com um determinado visual, lugar ou mesmo um prédio, uma obra de arte, enfim, algo que dê conta da emoção.
Quando vou a uma nova localidade, nem sempre penso em mudar meu ranqueamento. Os Top Five são sempre os mesmos, eu diria. Agora foi diferente. Diante do Serro Santa Helena, no meio da Cordilheira dos Andes, que antes eu só tinha visto do avião e em fotos, eu pensei em desbancar as Cataratas de Foz do Iguaçu – que, sem dúvida, até então, era o lugar mais lindo que eu já tinha visto.
Mas para mudar o ranking preciso analisar se essa imagem permanecerá em mim. Aí, quem sabe, mudo a ordem dos primeiros lugares. Ainda é cedo pra dizer porque estou anestesiada pelo impacto de tamanha beleza diante dos meus olhos.
Quem puder ir um dia, vá! Vá preparado porque a emoção é enorme.
Como se fosse pouco, a descida das Altas Montanhas foi pelos “carocoles”, a estrada antiga que levava os mendocinos ao Chile. São 365 curvas do tipo cotovelo com uma vista espetacular. É tão lindo que a gente ri à toa.
Na descida, por primeiro arbustos enfeitados com neve |
Caracoles – Caminho de Vila Vicenzio |
Um “zorro” nos fez companhia na estrada |
E várias famílias de guanacos podem ser vistas por ali |
Restaurantes
Mendoza tem muitos restaurantes. Para muitos gostos e todos os bolsos. Estivemos em alguns que terão posts específicos. No primeiro dia da viagem fomos ao 1884, o restaurante do chef Francis Malmann. No último dia, almoçamos no recomendado e surpreendentemente bom La Melesca, em Maipu. De ambos, tenho observações a fazer com mais detalhes em outra ocasião.
Uma cidade com praças – O uso do espaço urbano pelos cidadãos argentinos é reconhecido internacionalmente. Buenos Aires é uma cidade linda, com parques onde as pessoas vão para passar o dia inteiro. Lá se divertem com amigos, comem, descansam, leem, jogam bola, cantam, dançam… Embora tenhamos um pouco disso no Brasil, nem de longe usamos o espaço como nossos hermanos portenhos.
Plaza San Martin |
Em Mendoza é igual a Buenos Aires. Tanto que a cidade nova é recheada de praças. Aqui é preciso um parêntese para explicar a cidade nova. Em 1861, Mendoza foi totalmente destruída por um terremoto. Sobraram ruínas. A reconstrução da cidade após esse abalo sísmico resultou na chamada cidade nova.
A Plaza Independência fica no centro da cidade e em cada uma de suas quatro extremidades há outras praças que são: San Martin, España, Chile e Itália. Isso é muito marcante na cidade. Todas as praças são lindas, muito arborizadas, com decoração e paisagismo próprios. Sempre muito bem ocupadas por pessoas de idades e interesses diferentes: bebês com mamães, homens conversando, namorados se encontrando, skatistas, pintores, artistas, artesãos, expositores de artesanias, turistas… de tudo.
Silas desfrutando de um charuto em Peatonal Sarmiento |
Ah! Diferente no entanto de Buenos Aires é que em Mendoza é clara a miscigenação da Argentina, principalmente indígenas e europeus. Mas há também negros, que são mais raros na capital.
Há muito mais para contar. Por hoje, chega. Quem sabe escrevo depois outros capítulos, como fiz com Cuba. Então, fique preparado!