E a gente anda pra trás…
É isso que eu sinto.
foto: www.isthmus.com.br/ |
São Paulo é uma cidade importante, mas, às vezes, muito pseudointelectual. Ativista do que não conhece. Adepta aos modismos e pouco reflexiva.
Apesar dos pesares que não são poucos (mas prefiro falar sempre de coisas boas) eu amo viver aqui. Especialmente, porque nessa cidade, como tem muita gente, não dá muito para as pessoas se meterem demais na sua vida. Parece que não dá tempo.
Só que tem hora que acaba tendo gente demais arbitrando sobre aquilo que não conhece direito….
O caso da proibição do foie gras é uma dessas sandices com cara de ambientalismo, de proteção ao bem estar dos animais, mas no fundo é só fachada.
Tenho a impressão de que o nosso corpo de vereadores paulistanos não é assim, digamos, formado por pessoas que muito devotadas ao entendimento da criação de gansos e patos para produção da iguaria, ainda mais, quando se trata de aves que não são criadas em grande quantidade em São Paulo.
Pensei numa coisa… num breve exemplo…. Por que não se sanciona uma lei proibindo o consumo de carne vinda da criação em confinamento das vaquinhas e de seus bezerros (que elas muitas vezes nem chegam a conhecer), das galinhas e dos seus pintinhos, que crescem e se tornam frangos mediante iluminação forçada que não os deixa dormir para que cresçam mais rápido?
Será que isso mexeria no business de grandes empresários brasileiros e da sua fabulosa e lucrativa produção?
O foie gras (fígado de ganso ou de pato) não está na mesa do paulistano comum. O patê feito do fígado custa caro, bem caro mesmo e nunca frequentou algumas mesas. O que me faz lamentar porque todos deveriam poder provar o que quisessem e ter dinheiro pra isso. Mas o que quero dizer é que a proibição em São Paulo não muda a vida do paulistano em nada, absolutamente, em nada mesmo! Tem gente que não tem nem sequer ideia do que seja essa comida.
Mas numa lógica meio sem noção, a cidade de São Paulo não pode mais consumir fígado de ganso em restaurantes! Deve ser porque na Califórnia isso já foi feito, em Nova York muito se discute a respeito. Mas que o me parece uma coisa absurda é a câmara de vereadores da maior e da que deveria ser a mais cosmopolita cidade do país legislar sobre um ingrediente francês que, certamente, como diria Zeca Pagodinho, nunca viu, nem comeu, só ouviu falar…
Antes da minha crucificação pública, quero confessar que sou plenamente a favor do bem estar animal. Só não entendo porque temos que andar pra trás em São Paulo em termos gastronômicos.
São Paulo é o lugar onde há espaço para experimentar de tudo. Aqui tem tudo! Ontem, estive na rua 25 de março com a Bruna e a ouvi diversas vezes dizer: “nossa, aqui tem de tudo, que loucura!”, tão surpresa estava com o universo de itens que ali se comercializa. É um mundo e meio.
Mas agora, São Paulo que tem de tudo, não tem mais foie gras.
Por que será que não pensaram em exigir um selo de garantia de produção sustentável em vez de proibir apenas?
Diante de tanta insanidade, me veio uma ideia na mesma linha. Apesar do preço, uma sugestão rebelde aos donos de restaurante que usam a iguaria. Como é proibido comercializar em São Paulo, pode-se comprar fora daqui (em Santana do Parnaíba, por exemplo, é quase pra rir!) e franquear aos clientes que aceitem pagar mais por outros pratos, só para que possam degustar “de graça” o foie gras.. Que ideia tola, meu Deus!
Sandices…
Em tempo e sobre outro assunto: A partir de domingo, teremos ciclovia na avenida Paulista, graças a Deus!, o prefeito bateu o pé e se manteve firme em aumentar o espaço para as bicicletas transitarem na capital. Isso sim é andar pra frente, prefeito Haddad!