De caráter gastronômico e viajante, o Blog da Gavioli é um exercício prazeroso (sem perder a seriedade) praticamente diário de observar, pesquisar, se envolver e então escrever sobre assuntos que pipocam na vida da gente. Vamos então falar de eleições?
Não. Dado que o voto é secreto e as mídias sociais deram espaço a todos para publicarem suas escolhas, racismos e preconceitos, hoje aproveito para mudar de assunto, já que tenho um episódio alegre e de muito aprendizado para compartilhar.
Na sexta passada, na Unip, tivemos a grata oportunidade de receber no laboratório de Alimentos e Bebidas, o alegre e sorridente Massimo Ferrari, que trouxe consigo o chef pizzaiolo Domenico, ou Mimmo, como o chamam, um profissional nota 10 diretamente de Milão.
Com o perdão da licença poética, pizza é comida internacional. Quem não conhece no mundo? Quem não gosta? Se houver exceção é só mesmo pra confirmar a regra. No Brasil, mais ainda em São Paulo, pizza é uma paixão nacional.
Quando vim do interior para morar em São Paulo, em 1993, aprendi que paulistano tem loucura por pizza e que no domingo à noite sair para ir à pizzaria já foi um entretenimento obrigatório de muitas famílias.
A visita foi programada pelo coordenador do curso de Gastronomia, o professor Rodrigo Stolf e o modelo pretendido era o de palestra com degustação. Como palestrante, o chef Mimmo, e para traduzir da língua italiana, Massimo Ferrari. Depois, o chef com a ajuda de alguns dos nossos colegas de turmas mais avançadas nos serviu o resultado de sua longa experiência no mundo das pizzas!
Mimmo deu uma aula, ainda que breve porque todo público estava ansioso pelos preparos, sobre água, sal, fermento e farinha de trigo, os ingredientes indispensáveis para a massa da pizza. Surpreendente para muitos que uma comida que parece tão trivial em todos os bairros de São Paulo tenha tanta sabedoria embutida para que seja realmente de boa qualidade e excelente paladar.
Domenico Mimmopizza Todisco, na Unip |
Para o chef, que também participou na semana passada da 3a Semana Regional de Comida Italiana em São Paulo, de 18 a 25 de outubro (conforme eu divulguei na coluna Fast Food ainda em setembro), além dos bons ingredientes e do conhecimento necessário para combiná-los de acordo com a temperatura do ambiente, a boa pizza deve manter o equilíbrio perfeito entre massa e cobertura. Não se privilegia um ou outro jamais sob pena de estragar o produto final e o paladar.
A noite foi encantadora também porque Massimo Ferrari é um desses homens moldados para a delicadeza de bem receber. Um senhor a quem os suspensórios caem bem porque completam o estereótipo que temos do mafioso buona gente que vemos nos filmes da little italy de Nova York. Ele, pessoalmente, é dessas pessoas a quem não falta elegância, simpatia e generosidade. Além do que é um italiano em essência, muito passional diante de uma plateia jovem a quem ele se dedicou em atender com palavras de estímulo e esperança na profissão. Uma graça!
No Brasil, quando prevemos um engodo, a gente tem o hábito de dizer que “tudo acaba em pizza”. A noite de sexta é a prova de quem nem sempre isso é ruim. Neste caso, eu sou só elogios!
Nossos agradecimentos, portanto, ao Massimo Ferrari, ao chef Domenico e ao professor Rodrigo Stolf pela oportunidade. E às queridas amigas Simone Exposito e Gabriela Kanashiro pelas fotos. As aqui publicadas são da Simone!
Massimo Ferrari, eu e chef Mimmo |
Obs: Para quem tem preguiça de pesquisar, Massimo Ferrari é o mesmo do lendário restaurante Massimo da Alameda Santos nos Jardins em São Paulo que fechou no ano passado. Ele atualmente é dono do restaurante Felice e Maria, no bairro do Itaim, ou, se preferir, aquele da Pizza do Faustão.