No domingo, quando cheguei à casa da minha sogra para buscá-la para almoçar em casa, alegremente ela me deu alguns presentes. Entre eles, a edição bilíngue de O melhor de São Paulo – Restaurantes e Bares – 2014, da Folha de São Paulo.
Ela me deu e disse que havia separado a revista pra mim porque a partir dela eu poderia “tirar bastante ideias dos restaurantes da cidade”. Sem dúvida, ela tinha razão.
Mas não tardou a minha decepção com o que tinha em mãos.
Do meu ponto de vista, esse tipo de guia tem que ser fácil de ver, de ler, de folhear, de encontrar as informações e, mas que tudo, merece imparcialidade máxima, por isso, não combina muito com grandes anunciantes que estejam sendo “premiados” ou entre os eleitos, para não ser injusta.
O que se deu comigo foi mais ou menos o seguinte: peguei a publicação e abri numa página aleatória. Tentei fixar atenção em alguma informação que estivesse ali, mas não consegui tamanha era a poluição de ícones com significados confusos em cada página. Insisti mudando para outra página também qualquer e, de novo, não entendi aquele monte de informação que encontrei. Pensei que o problema fosse eu já que naquele momento eu não estava dedicada exclusivamente à leitura do guia.
Fechei a revista, pus debaixo do braço e fomos para o carro, onde me sentei no banco de trás, junto da dona Dora. Como o caminho era longo e tinha trânsito logo eu abri novamente o guia e, dei de cara com uma página em que estava a foto do Walter Mancini. Voltei-me para a minha sogra e comentei mostrando a foto:
– Olhe, é o dono da Familia Mancini.
Isso porque lá é um lugar que estivemos juntos há não muito tempo.
E ela me respondeu que havia outras fotos do Mancini por todo o guia.
São cinco páginas com fotos dele em anúncios de seus empreendimentos e uma devido a eleição pelo Datafolha da Cantina Família Mancini como o melhor restaurante italiano de São Paulo. O eleito pelo júri foi o Attimo.
A partir daí comecei a olhar o guia com olhos um pouco mais críticos. Por que são considerados restaurantes brasileiro, italiano, árabe, japonês, português e francês? Não temos em São Paulo comida indiana, libanesa, tailandesa?
O fato de o guia estar em português e inglês, que é muito positivo, fez com que os textos sobre os restauranes, em geral, não trouxessem informações relevantes sobre eles. Dois ou três parágrafos que quase não dizem nada, porque em uma só página é preciso ter texto em dois idiomas, título e subtítulo, foto, algumas vezes do local e do chef (não entendi o critério para os que tem e os que não), espaço em branco, estrelas, serviço e os ícones que representam as legendas.
Para entender a legenda é preciso folhear e procurar com dedicação o que o pequeno desenho significa. Não é uma tarefa das mais fáceis. É quase hercúlea!
Só ao começar escrever hoje é que consegui entender que estão misturadas as premiações. Falha minha, talvez eu não esteja mesmo acostumada a esse tipo de diagramação e conteúdo…
No mais, há muito anúncio, um editorial de apenas três breves parágrafos, que parecem ter sido feitos com preguiça, uma grande poluição de dados, um indice complicado de entender e a parte dos bares é uma reprodução do guia da folha do domingo com mais itens. Nada demais, é pobre. Isso sem falar na capa. Será ela uma versão aprimorada da chamada do Hells Kitchen?
Uma pena que a edição tenha sido feita assim já que deveria ter a função de um guia para consulta que durasse mais que uma semana. Quem sabe tudo isso não seja devido às intenção de levar o leitor para as novas tecnologias. Afinal, há uma página indicando como usar o aplicativo do Melhor de São Paulo. Eu não testei, confesso.
A Folha de São Paulo pode mais e já fez melhor. Poderia ter nos presenteado com uma revista mais útil, menos patrocinada e mais informativa. Bastaria um pouco de criatividade, boa vontade e visita a museus. Sempre digo que visitar museus nos ajuda a diagramar melhor as páginas das revistas, de modo que as informações fiquem harmoniosas aos olhos.
Tomara que a próxima edição, a 5a., seja melhor. Que as 520 indicações sejam mais cuidadas para o bem do leitor.
De qualquer forma, eu “tirei mesmo umas ideias”, como disse a minha sogra.
Aquele abraço! Amanhã tem Copa do Mundo no Brasil. Chegou a hora!