– É, amor, já estamos pela segunda Copa do Mundo juntos!
Uma pergunta que me vêm à cabeça em tempos simbólicos como o que estamos vivendo agora é essa: quantas Copas do Mundo já passamos juntos?
As lembranças vêm na hora!
Não acredito que algum brasileiro mediano como eu, cuja família e os amigos são pessoas relativamente normais (já que de perto ninguém é normal), não tenha a mente invadida por um turbilhão de imagens de outras Copas do Mundo. Não importa em que ordem as lembranças chegam, nem tampouco saber exatamente que ano era aquele. A conta a gente faz voltando de quatro em quatro, confunde às vezes com as Olimpíadas, mas, mesmo sem o auxílio do google, a maior parte das pessoas vai ter alguém por perto que lembra o país sede de cada um dos anos e os momentos mais marcantes para si daquele campeonato.
– tags: pipoca doce, copa do mundo em casa, reunião de amigos
Nem é pelo campeonato, é pela vibração.
Sem qualquer respeito às datas, eu me lembro da casa da Alê e do Fauzer e dos birinaites que a gente tomava ouvindo o Dr. Fernando gritar: “Ronaldiiiiiiiiiiiiiiinho, vai gordo!” E da Débora que foi pro México e veio com um sombrero imenso, teve até ônibus de Itu pra receber a famíia dela no aeroporto em São Paulo na volta, a gente estudava no Berreta. Outra memória é da casa da Ana e do Zé Paulo, jogo final, Brasil e França, e aquele vexame da seleção que entrou em campo com um time abalado deixando o país do futebol perplexo. Chorei nesse dia….
Outra memória é da casa da avó da Teca, a turma do Inho reunida em frente à TV e depois a gente ia para as ruas de Itu lotadas de gente comemorando os jogos ganhos por aquela seleção inesquecível que tinha Zico, Sócrates, Falcão…. E aquele ano que a Euzi, a Fabiola e eu fomos ver um jogo entre Brasil e Inglaterra no Finnegun’s e teve um gol sensacional do Ronaldinho Gaúcho batendo uma falta. Nosso amigo Andrew em Londres, ficou furioso, mas teve que por o rabinho entre as pernas porque foi lindo.
No primeiro mundial que o Silas e eu vimos juntos, ele comprou uma televisão nova com high definition, enorme. Só que havia um delay (atraso na transmissão) de áudio e vídeo para quem assistia em HD e a gente ouvia primeiro o vizinho comemorando e só depois o gol em alta definição. Frustrante!
Como meu aniversário é em junho, a Copa sempre acaba interferindo nas minhas festas a cada quatro anos. Quando eu fiz 32, reuni os amigos no Velvet, um bar que ficava na Alameda Lorena e a temática, claro, era verde e amarela. Nem sei se foi esse lugar que deu origem ao Blue Velvet da rua Bela Cintra. Nessa época eu trabalhava na Amcham, com a Salete, a Lilian e a Solange. Elas estavam lá e estão nas fotos!
Tem também as copas do mundo da infância. Teve um ano que o tio Divaldo comprou uma super panela de pipoqueiro para poder ter um resultado fascinante nas pipocas que comíamos durante os jogos, acho que foi naquele ano de 78, da Argentina.
Na de 82, ainda da seleção canarinho, “dá-lhe, dá-lhe bola, meu canarinho vai deixar a gaiola, vai pra Espanha de mala e viola, vai dar olé à espanhola…” só o que me importava era a pipoca doce do tio Durvalino. De tudo o que mais me lembro daquele ano era a gente, inclusive meu pai, indo para a casa da minha avó Leonor à tarde, e o marido da tia Neide estourando o milho na panela. Que jogos eram eu não sei, até poderia pesquisar, mas da receita da pipoca caramelada, ah! essa eu lembro bem. A medida era um copinho de cada coisa: um de óleo, um de milho, um de açúcar e um de água. Demorava um pouco mais para estourar que a pipoca normal salgada e nós, as crianças, não devíamos ficar perto do fogão porque podia espirrar.
Acho que hoje eu não arriscaria comer essa pipoca doce porque o sabor não seria o mesmo, as panelas nem são amassadas, nem tem tampas que não encaixam e a gente come pipoca de microondas que tem um cheiro in-su-por-tá-vel! argh!
E agora a Copa é no Brasil. Tem tanta gente infeliz querendo mais ser infeliz nesses dias. Que desperdício! Não me acusem de alienação porque não é nada disso. Eu também tenho muitas críticas sobre como tudo foi conduzido para gente chegar a uma semana do mundial do jeito que estamos.
Mas, sinceramente, eu acho que vai ser demais! Eu quero muito que seja um espetáculo inesquecível. Que a gente se junte, pinte a cara de verde e amarelo, vista a camisa da seleção, toque vuvuzela até ensurdecer o chato que não gosta de futebol. Agora, eu quero ver a bola rolar, a rede balançar e o abraço pra torcida. Quero ver a gente ser chamado de novo de Brasil, o país do futebol. Do resto a gente fala depois.
Receita da pipoca caramelada
Ingredientes
1 medida de milho de pipoca
1 medida de açúcar
1 medida de água
1 medida de óleo (pode ser uma colher de manteiga)
Modo de fazer
Leve ao fogo alto com a panela tampada. Espere estourar e sirva com alegria. As pipocas vão ficar bem grudadas umas nas outras, por isso é que legal. Tem que compartilhar, dividir.
Em tempo: sejam bem-vindos os jogadores de todas as seleções ao Brasil!