Dicas para escolher vinhos que satisfazem sem quebrar o bolso e uma seleção de 8 rótulos que oferecem muito por menos de R$50. #por50vctoma
Todo dia pode ser dia de vinho
A chegada ao universo do vinho pode ser assustadora e paralizante: tantas uvas, tantos países, tantos rótulos… quase dá saudade da época em que as escolhas se restringiam a “tinto ou branco?”.
Além da avalanche de opções, nossa falta de tradição no consumo cotidiano de vinho nos torna especialmente vulneráveis, envolvendo um produto corriqueiro em muitas culturas num manto de mistério e ostentação, reservado para ocasiões especialíssimas e que, portanto, deve também ser especialíssimo.
Não bastassem as barreiras físicas da falta de tradição e custo relativamente elevado face a nosso poder aquisitivo, há a onipresente figura do enochato que, embora já largamente ridicularizada, ainda é capaz de produzir efeitos nefastos em enófilos iniciantes.
Não se deixe impressionar por um enochato
A enochatice pode se manifestar de diversas formas e em diversos níveis. Geralmente consiste na conjunção de conhecimento superficial sobre vinhos com uma personalidade megalomaníaca e necessidade de autoafirmação que geram no sujeito (o enochato) prazer em diminuir outras pessoas com seus pseudo conhecimentos sobre vinho.
Chateado porque você não é capaz de sentir aromas de rosas em botão, violetas selvagens, suor de cavalo, amoras silvestres e pear drops no seu vinho, igual ao enochato do seu lado? Não fique: estudos apontam que 3 seria o número máximo de aromas que um ser humano consegue identificar – e portanto é provável que seu colega esteja exagernado um pouco. Confira essa dica do Master of Wine Dirceu Vianna Junior neste podcast que quebra esse e outros mitos sobre o vinho.
Vinho tem que ser caro para ser bom
Essa é mais uma generalização muito útil aos que ainda conhecem pouco sobre vinho. Utilizar o parâmetro preço como indicador da qualidade do vinho funciona, de forma geral – assim como funciona para roupas, carros e sapatos.
A gente já sabe: é possível ser perfeitamente feliz e satisfeito com nossa roupa sem marca made in China, mas há forte chance de a roupa encolher na primeira lavagem ou esgarçar. O fusca 1968 pode cumprir bem o papel de nos levar do ponto A ao ponto B, mas vai custar mais caro ao gastar mais gasolina (sem falar na pegada de carbono), vai oferecer menos conforto pela falta de ar condicionado num dia de calor, câmbio manual, vai demorar mais etc…
Com vinho, a ideia é exatamente a mesma: para aquele pulinho no mercado o fusca me atende bem, mas para a viagem de férias talvez eu me beneficie de um pouco mais de conforto. Não precisa ser uma Ferrari: há uma imensa variedade de marcas e modelos que podem me atender, com diferentes níveis de conforto, a diferentes investimentos.
Vinhos legais por menos de 50 reais
Dito isso tudo acima, um vinho de menos de 50 reais não vai te fazer chorar de emoção (a menos que você seja um bêbado emotivo e beba 3 garrafas) mas pode atender perfeitamente bem naquela 2a feira de trabalho estressante em que você só quer jantar e relaxar um pouco ou no churrasco da turma de cervejeiros (é o fusca 1968 te levando do ponto A ao ponto B!). Alguns deles, inclusive farão bonito no almoço de domingo na casa da sogra. Vamos a eles!
Espumantes
Use e abuse dos ótimos espumantes nacionais. O mais importante aqui é estar atento à doçura. A grande maioria dos espumantes nessa faixa de preços será “brut”: o que implica alguma doçura, muitas vezes pouco perceptível pelo contrapeso proporcionado pela acidez. Extra Brut e Nature implicam ainda menos doçura. A maioria também terá sido produzida pelo método Charmat – que implica mais aromas frutados, leveza e acidez. Para saber mais sobre os espumantes confira este podcast ou este vídeo curto.
1. Aurora Procedências Brut (Chardonnay) – R$49,90
Elaborado com uvas Chardonnay cultivadas por associados da comunidade de Lajeadinho, tem ainda esse apelo de valorização do trabalho cooperado. É fresco, com borbulhas finas e persistentes. Um achado! Prove também o branco de Pinot Noir para comparar!
2. Espumante Terranova Moscatel – R$49,92
A linha Terranova é produzida no tórrido Vale do São Francisco e os vinhos daqui costumam apresentar as notas cítricas das frutas pouco amadurecidas. Este Moscatel trás ainda o floral típico da variedade e o dulçor que o torna ideal para piscina e sobremesas.
Rosé
3. Miolo Rosé Seleção – R$39,90
Eleito “melhor rosé do mundo” num famoso e controverso concurso nacional, esse rosé de Cabernet Sauvignon e Tempranillo da Campanha gaúcha certamente não fará feio na sua mesa, harmonizando com pratos leves. (Caso você esteja se questionando: sim, “melhor do mundo” é exagero mas esse vinho é bem mais que um fusca).
Brancos
Nos vinhos brancos, sem taninos que o “encorpem”, a concentração de fruta é crítica. Aposte nos vinhos de Chardonnay (afinal, essa não é a uva branca de vinhos mais popular do mundo à toda), que tendem a ser mais gordinhos, especialmente os de clima quente como Mendoza.
4. Trivento Reserve Chardonnay R$48,99
Aromas de frutas tropicais e 14% de álcool. Não espere um branquinho leve qualquer. Harmoniza bem até com carnes brancas.
5. Aurora Varietal Chardonnay R$35,99
A menor intensidade de aromas frutados e o toque ligeiramente herbáceo entregam a maior produtividade das uvas utilizadas – e que permitem que o produto final tenha esse preço convidativo – sem contudo perder tipicidade. Vinho bem feito e que fará a alegria da rodada de canapés na sua recepção.
O teor alcóolico tem impacto direto na sensação de volume que o vinho nos provoca – o famoso “corpo”. Aprenda mais aqui
Tintos
A preparação dos vinhos tintos implica mais contato com as cascas (maceração), o que extrai cor, taninos e texturas que “encorpam” o resultado final, habilitando-os a encarar harmonizações com churrasco e carnes em geral, além de massas e pizzas mais condimentadas. Quer saber mais sobre a maceração e como influi na produção de vinhos? Confira aqui
Uma boa pedida são os sempre macios Malbecs argentinos ou mesmo Tannat brasileiro. Evite Pinot Noir – uma uva melindrosa e que pode resultar em vinhos bem decepcionantes quando a produção no campo não é limitada. Minhas dicas:
6. Saint Germain Assemblage – R$19,99
Vinho preferido do meu pai (que prefere a versão Suave – i.e., com açúcar). Produzido com um mix de uvas Cabernet Franc, Merlot, Tannat e a exótica Pinotage oferece um bom benefício pelo preço. É o fusquinha que te leva do ponto A ao B (não por acaso, meu pai também é fã de fuscas)
7. Miolo Tannat Reserva – a partir de R$42,00
Uvas Tannat da Campanha gaúcha, próximas ao Uruguai – terra da Tannat. Suculento, encorpado e macio. Aromas de frutas negras. Um vinho sem erro mesmo e que oferece bem mais que o preço pago (especialmente quando comprado na promoção)!
8. Fuego Negro Malbec – R$49,99
Amamos Malbec por aqui! Essa uva francesa que atravessou o oceano para mostrar sua cara macia e aveludada em terras Argentinas conqusitou o mundo e especialmente os brasileiros. O estilo argentino, inclusive, remodelou a forma como os franceses (quem diria!) encaram a variedade. Para conhecer mais sobre a história da Malbec e a rainha que era fã de Malbec.