Cá estou eu no Sesc Belenzinho entre encantada e apaixonada pelo espaço, que é tudo de bom, quem não conhece deveria conhecer (eu que nunca venho para esses lados de São Paulo, estou amando!), no Seminário Internacional ALIMENTAÇÃO HOJE – Entre carências e excessos, que vai de hoje até quinta-feira. Três dias inteiros para tratar de um assunto que diz respeito a todo mundo. Todo mundo mesmo porque afinal todos comem.
Sem me estender demasiadamente só queria registrar algumas informações que anotei e sobre as quais, pertinentemente nesse período, é válido refletir. Não são informações do Governo Federal, é bom dizer. São da FAO, que é o organismo internacional da ONU para agricultura e alimentação (ou comida).
Segundo o palestrante Alan Bojanic, da FAO, “o mundo está olhando para a redução da fome no Brasil”. De acordo com o Relatório Mundial sobre Insegurança Alimentar (a sigla é SOFI), nós aqui das terras tupiniquins saimos do mapa da fome em 2014, o que significa que agora temos menos de 5% de famintos no Brasil. Para a organização, os países que chegam a um índice abaixo de 5% deixaram de ter um problema endêmico, entretanto, o desafio é manter esse número e erradicar definitivamente a fome. Há 10 anos, éramos 13% de brasileiros sem acesso à alimentação adequada, ou seja, com fome!
Em 2050, seremos 9,1 bilhões de pessoas no planeta e é estimado um crescimento 70% urbano. Dá pra pensar nisso? Se não dava, é bom achar que agora dá. Porque é gente pra caramba!
É fato que o problema da fome é o maior de todos os problemas solucionáveis do mundo. O que é produzido seria suficiente para todos os cidadãos. Entretanto, os grandes desafios em relação à alimentação são: como dar acesso para todas as pessoas aos alimentos produzidos; como melhorar a distribuição e como garantir o direito humano à alimentação.
Eu mencionei acima que o mundo está de olho no Brasil em função da redução da fome por aqui. Esse olhar está direcionado ao que chamamos de fatores de sucesso que levaram o país a essa nova condição. O primeiro em destaque diz respeito ao compromisso político com a erradicação da fome e da miséria numa bandeira controversa chamada Fome Zero levantada pelo presidente do país à época, Luiz Inácio Lula da Silva. Lula conseguiu colocar a questão da fome em termos políticos, tema que era tratado como técnico até então. Foi ele também o responsável pelo aumento real do salário minímo e pelo programa de “1 milhão de cisternas”, para tentar resolver a seca do semi-árido nordestino.
Além disso, houve, claramente, no Brasil, o envolvimento de diversos atores: Governos, sociedade civil, setor privado e o meio acadêmico para que fossem articulados movimentos para reduzir a fome.
Em termos políticos, houve avanços e uma grande predisposição: além do Bolsa Família, 19 ministérios formam um comitê interministerial para combater a fome no Brasil. Ou seja, as decisões de cada ministério, bem ou mal, estão articuladas entre si e levam em conta a questão da fome no Brasil. Além disso, a alimentação nas escolas é fundamental em todo o processo.
Dado que o modelo de produção de alimentos no mundo, incluindo o nosso do Brasil, não é sustentável, como fazer para aumentar a produtividade para garantir o atendimento das demandas do futuro? A resposta é o crescimento vertical da produçao sustentavelmente.
Em resumo, parece simples. Para alimentar o mundo, há recursos, mas é preciso mais tecnologia adequada e menos nociva ao meio ambiente, mobilização política e vontade cidadã. Fácil? Nenhum um pouco.
Agora à tarde tem mais. Até amanhã!
Em tempo: o seminário faz parte da comemoração dos 20 anos do programa Mesa Brasil – Sesc São Paulo, uma iniciativa vencedora. Vale um capítulo exclusivo.