Férias de julho 2016 – Capítulo 4
Depois de Barcelona, olhando no mapa, subimos pela Catalunha em direção aos Pireneus. Aquela cadeia de montanhas belíssimas que separam a Espanha da França tem esse nome e, pelo que aprendi na viagem, sempre foi uma região bastante disputada já que é uma cordilheira que separa a Península Ibérica (Espanha e Portugal) do restante da Europa.
A razão é até simples de entender. Pense numa extensa barreira natural com cerca de 430 quilômetros de comprimento. Se de um lado há interessados em conquistar o outro lados, por questões religiosas e políticas, ela terá que ser atravessada independentemente do quão difícil seja o trajeto. Isso ocorreu inúmeras vezes na história.
Nessa região, brincamos que em cada topo de morro há uma igreja românica, restaurada, preservada ou em ruínas. Essa é a prova de que por ali já houve domínio mouro muçulmano e que, a partir do século X ou XI, houve uma retomada cristã católica.
Atualmente, há algumas rotas do Caminho de Santiago de Compostela que passam por ali. Por isso, a gente vê muitos peregrinos pelas estradinhas, especialmente naquelas em que, graças a beleza estonteante, paramos para um piquenique durante nossa trajetória feita de carro.
Antes de chegar aos Pireneus, já no caminho, paramos numa cidade muito acolhedora: Berga (se diz Bergá). Lá se fala catalão e espanhol, as pessoas são muito gentis, há passeios de subida de morro super interessantes de serem feitos, esportes como esqui e asa delta, e, o que mais me interessa, comida boa, muito boa!
Num domingo, nosso passeio foi ao Santuário de Queralt, onde, após termos subido um trecho alto de carro, tomamos um funicular e depois continuamos subindo a pé mais cerca de 15 minutos, tivemos uma vista esplêndida da grandiosidade do que seriam os Pireneus.
Ao descer, percorremos as ruas do centro histórico, uma vilinha bem medieval, e depois paramos num restaurante na praça.
Um pouco reticentes devido ao nome Frankfurt, logo fomos convencidos por uma das donas do lugar que ali poderíamos comer bem. Ela se dedicou a nos explicar de ponta a ponta todos os itens do cardápio, parando em alguns pontos para nos sugerir o que melhor se encaixaria na nossa fome, bolso e necessidade de experiência. Isso é hospitalidade, o resto é conversa.
Foi ali que pedimos, pan tumaca (pão com tomate) e uma salada com foie gras, para o Silas, tortilla de bacalao. Para acompanhar, sangria, a típica bebida que os espanhóis fazem deliciosamente, bebem deliciosamente, dão para os filhos ainda pequenos e para os turistas se alegrarem. Depois disso, só nos restava voltar ao nosso albergue para descansar já que foi um esbaldar de sabores o que nos foi oferecido.
Não há muito mais a dizer, só uma recomendação básica. Esqueça a ideia de que a Espanha é feita apenas de Madri, Barcelona, Córdoba, Sevilha e Granada. Essa região que é pouco falada nos guias aqui no Brasil é linda, romântica e muito saborosa.
Em Berga fomos super bem tratados e, além disso, nessa cidade, numa noite enluarada de sábado, as pessoas dançaram (e deu a impressão de que dançam com frequência) uma espécie de ciranda na praça. Ali, há um senso de comunidade e de pertencimento invejáveis para qualquer cidadão do mundo, em especial, para quem deixou uma cidade pequena para viver numa grande em que mal os vizinhos se cumprimentam. É o meu caso.
As fotos falam o resto.
Boa viagem aos Pireneus da Espanha!