Revista Bem Mulher, edição número 6
Para quem me acompanha nas publicações da revista Bem Mulher em que escrevo a coluna Gastronomia e Hospitalidade, um aviso importante: já está nas bancas a edição número 6.
Desta vez, escrevo sobre Cozinha sem preconceito. Na dinâmica vida de quem cozinha, o coração está sempre presente, mas é preciso também abrir a cabeça e se livrar de estigmas culinários. Por que não misturar? Com uma boa dose de equilíbrio isso pode funcionar super bem. Bem mulher!
Recomendo conhecer os conteúdos que são ótimos: saúde, beleza, alimentação, exercícios, comportamento. Uma revista interessante mesmo!
Para os leitores do blog, o conteúdo (da coluna) segue na íntegra. Espero que curtam e compartilhem.
Cozinha sem preconceito
Como em quase tudo na vida, existe preconceito também na cozinha. Como a gente aprende que uma coisa é doce e outra salgada, às vezes, nem se dá conta que pode ser bem diferente.
Exemplos não faltam como o caso do emblemático abacate que no Brasil comemos com açúcar, enquanto no México ele quase sempre faz parte dos pratos salgados. Por lá, ninguém entende essa nossa mania de adoçar o avocado, um tipo de abacate bem comum, com um pouco menos água que o brasileiro.
Desde que me lembro de comer salada, ela sempre foi servida fria na minha casa, e as sopas,apesar de terem sido cotidianas nos jantares durante toda a infância, estivéssemos no inverno ou no verão, sempre foi um preparo posto à mesa quase pelando, ou seja, muito quente.
Em tempo de se desfazer desses preconcebidos estandartes da culinária, é hora de pensar que nem sempre as sopas são servidas quentes, do mesmo jeito que nem toda salada é fria.
Uma conhecida versão da sopa fria é o gazpacho (ou gaspacho), uma iguaria feita com tomates que leva também pepinos e temperos muito saborosos. Esse prato se ajusta muito ao paladar dos espanhóis, portugueses e mexicanos que estão acostumados a degustá-lo no verão, quando as temperaturas estão mais altas. Dizem que o frescor vem do tomate e do pepino e que os pimentos e o alho aquecem o sabor.
Embora conhecido no Brasil, o gaspacho ainda nos soa exótico, mas ele não é único e nem solteiro na numerosa família das sopas frias.
Vichyssoise
Mise en place
- Separe todos os ingredientes da receita.
- Lave e descasque as batatas. Corte-as em cubos médios.
- Corte as cebolas na metade, retire a casca e faça fatias finas.
- Lave bem os talos do alho poró, fatie rodelas finas da parte branca (até cerca de dois dedos acima da base) e dispense o restante.
- Leve a manteiga ao fogo baixo numa panela alta. Quando estiver derretida, junte a cebola e deixe cozinhar por alguns minutos, mexendo de vez em quando até que fique dourada.
- Acrescente o alho poró, mexendo com cuidado até murchar.
- Adicione as batatas e a folha de louro.
- Cubra com o caldo (ou água) e deixe cozinhar por 20 minutos ou até que a batata fique macia.
- Retire do fogo e deixe esfriar.
- Escorra o caldo para uma tigela e reserve.
- Retire o louro e bata no liquidificador: o caldo, as batatas cozidas com o alho poró e a cebola, até que fique um caldo bem homogêneo. Se estiver muito espesso, acrescente mais caldo ou um pouco de água.
- Volte a sopa à panela, agora em fogo médio, e acrescente aos poucos o creme de leite fresco. Acerte o sal e tempere com a pimenta-branca. Misture bem e deixe cozinhar por 5 minutos, sem ferver.
- Retire do fogo e deixe esfriar.
Essa sopa é o que se pode chamar de “clássico da gastronomia” para ser servida fria. Apesar disso, surpreende muito quando é servida em coquetéis, especialmente em shot glass (copos pequenos usados para doses de bebidas como os de drinks fortes) porque as pessoas não esperam tomar sopa fria em copinho.
Ela é tão aveludada e saborosa que para os dias quentes é ótima servida fria, já no friozinho, recomendo tomá-la quente em cumbucas de sopa acrescida de um leve toque apimentado.
Por que não misturar França e Itália?
Numa ocasião informal, como um jantar em casa com amigos íntimos, não pode ser considerada uma heresia servir pratos de mais uma nacionalidade.
Não é porque a sopa é francesa que a entrada não pode ser italiana. Ainda mais se há uma harmonia ou um contraste de sabores. Mais que isso: se você sabe que seus convidados irão amar o que será servido. Sem exageros e rigores, a vida fica mais leve e é bem mais divertida!
O pão é universal, seja lá qual for o jeito de ser preparado. No entanto, embora feita de pão, a bruschetta é uma criação italiana.
Bruschettas
- Descasque o dente de alho e esfregue-o no pão para dar sabor e aroma.
- Em cima de cada fatia de pão, pincele ou regue com um fio de azeite. Leve ao forno pré-aquecido em 180 graus por 3 minutos.
- Esmague o mesmo dente de alho e leve ao fogo com o restante do azeite e a cebola, em seguida acrescente ao tomate e dê uma leve refogada.
- Tempere ao seu gosto com sal, orégano e pimenta do reino (se gostar de outra especiaria, deixe a sua intuição temperar por você). Se quiser, acrescente alcaparras e azeitonas em caroço picadas ao molho.
- Retire as fatias do pão do forno, cubra-as com o refogado.
- Polvilhe o queijo por cima e leve ao forno novamente até que dourem por cerca de 10 minutos. Isso vai depender do quão crocante se deseja que fique o pão, dependendo da altura das fatias.
- Sirva imediatamente.
Mesa arrumada sem rigorismos
Deixar uma mesa bem arrumada não requer excesso de rigor. A elegância está em fazer tudo com carinho, dando harmonia para a combinação dos elementos que a compõe.
Para um jantar informal numa segunda-feira, quando recebemos em casa um amigo pra lá de especial, mas que, como nós, gosta de usufruir de boa companhia, um papo interessante e fluido e não é demasiadamente exigente, arrumei a mesa com itens bem misturados.
Um jogo de pratos de sobremesa antigos herdados do casamento da minha mãe, serviram de sousplat** para as cumbucas de sopa. Em potinhos espanhóis e portugueses comprados em viagens foram servidos petiscos de azeitonas, tremoço e um ratatouille*** que sempre tenho na geladeira. Uma florzinha bem cuidada pela Maria, minha fiel escudeira há anos, ganhou um cachepô e foi para o canto da mesa. Toalha xadrez de piquenique, talheres do dia a dia, copos para vinho e água e que nunca falte um cesto de pães.
Acho que basta. Está bem bonito!
Nessa bela mistura de sabores, harmonizou perfeitamente vinho tinto, um cabernet – merlot argentino trazido pelo nosso convidado. Tudo perfeito.
Quem acha que isso tudo não vale a pena, não sabe o que está perdendo. Até porque se deixar de lado, ao menos à mesa, o preconceito, vai poder experimentar sabores novos, muitas vezes delicados, outras rudes e fortes; texturas crocantes ou aveludadas; e outras tantas combinações que podem parecer imperfeitas, mas que dão um prazer… ah! Isso eu posso garantir.