A alegre surpresa de uma visita anunciada alguns dias antes da Maria, amiga querida carioca, em São Paulo, tornou-se ainda mais agradável porque decidimos, ela e eu, ir ao restaurante MoDi, na rua Alagoas, ao lado do Parque Buenos Aires, em Higienópolis.
A sugestão foi minha porque já há alguns meses eu planejava ir ao restaurante, desde quando o descobri num domingo de manhã passeando pelas imediações do parque. Só que na ocasião, havíamos acabado de sair de um super breakfast em casa. A fome só viria, portanto, horas depois. Mas mesmo naquele dia, eu já achava que tinha feito um achado!
De uns tempos pra cá – não sei se foi o meu bolso que ficou mais vazio – ir a restaurantes em São Paulo ficou muito caro. Você pisa no lugar, especialmente se for uma dessas casas do tipo boteco, pede um chopp, divide uma porção das mais baratas, e deixa no lugar, brincando, R$ 40. Fora o estacionamento ou o guardador de carros. Então, quando você descobre um lugar, que é bonito, bem localizado, que tem um astral descontraído e um cardápio enxuto e honesto, é um achado, sim!
Dá até medo de contar pra muita gente porque assim que o lugar cai nas graças do público, a casa vai ficar lotada, a fila vai aumentar e, obviamente, os preços vão subir, subir, e aí o céu é o limite. Você, então, perdeu o que tinha achado.
O MoDi fica no piso térreo do Edifício Paquita, o que já um charme. Nesse momento em que os prédios que são construídos estão cada vez mais dentro de altos muros fechados, mas que tem um plano diretor rolando na cidade para que essa realidade mude e haja integração entre comércio de rua e moradores, encontrar uma proposta tão simpática quanto um restaurante que fica em frente à praça e embaixo de um edifício de gente bacana, é sensacional!
Vale fazer algumas considerações sobre o local:
Reserva – Eu liguei à tarde para fazer reserva, mas eles não trabalham com reservas. Fui avisada que normalmente às quartas não é muito cheio, mas que no almoço daquele dia a procura tinha sido acima da média.
Estacionamento – Não tem.
Atendimento – Minha amiga e eu nos encontramos às nove da noite porque eu demorei um pouco para conseguir estacionar (depois de duas voltas, bem em frente ao restaurante, que sorte!). Ela estava com uma mala e já havia pedido uma mesa para duas pessoas para o Leandro. Ele informou que várias mesas haviam chegado por volta de 19h30, de modo que logo vagariam lugares. Enquanto isso, tentou nos ajudar com a mala, embora o lugar não tenha uma chapelaria (nem é a proposta).
Pedimos para ver o cardápio de drinks e decidimos deixar a mala no carro, ao voltarmos, coisa de dois minutos, a nossa mesa estava pronta.
Fomos atendidos pelo Rafael, um garoto bom de papo, novinho e descontraído, com quem eu puxei conversa sobre gastronomia. Ele disse que já está na área há sete anos. Soube explicar bem os pratos e na sugestão de vinhos, deu umas escorregadas, mas arriscou bem. Ele, como eu, está treinando, só que um como cliente-critico e outro como pretenso futuro sommelier.
Dois pontos negativos sobre o atendimento – O rapaz era descontraído e me deixou bem à vontade, mas ele não me levou a sério quando degustei o vinho. Talvez tenha pensado que era jogo de cena sentir o aroma, rodar o copo e provar duas vezes seguidas. Porque uma casa oferece meia garrafa com um preço razoável e o cliente opta por isso, o garçom pode achar que o cliente não sabe o que está pedindo? Eu senti que ele não me levou a sério, mas tudo bem.
Outro ponto foi no momento que chegaram os pratos e um outro garçom veio trazer à mesa. Ele não sabia de quem eram os pedidos e, simplesmente os colocou de qualquer jeito. Não foi legal isso.
Comida
Couvert – Baratinho, apenas R$ 5 por pessoa, vem com um vasinho de pãozinho caseiro e uma tigelinha de caponata difícil de ser servida naquele tipo de pão. Simpático, mas sem muito gosto.
Pratos – Ambas pedimos informação sobre o varenique, mas eu não me animei e pedi o tortelli de cordeiro. A Maria foi pela explicação e ficou com varenique sbagliato.
As massas vieram no ponto e os molhos sem muito detalhes não deixaram a desejar. Ela amou o prato, disse que estava perfeito, em temperatura, textura e no paladar. Eu já não fiquei tão contente. O recheio do meu tortelli era pastoso e o prato não foi servido na temperatura que eu gosto, mais pra quente que pra frio.
A apresentação era bonita, com mini legumes decorando a massa, que estavam com uma textura muito apropriada. O molho não era nada tão especial.
Tortelli de cordeiro |
Varenique Sbagliato |
Mise en place – sem toalhas nas mesas, o restaurante tem uma proposta lúdica com jogo americano em papel craft no qual está desenhado o mapa da Itália e há informações sobre as comidas de cada região. Eu até trouxe pra casa. Bem interessante. Os guardanapos eram descartáveis de papel branco e os talheres de qualidade boa, os copos da mesma forma.
Decoração e ambiente – Embora não seja um espaço muito grande e tenha um mesanino, portanto o pé direito é alto, o barulho não é exagerado. O salão estava animado com muita gente falando já que estava cheio, mas nada que comprometesse.
Na entrada, um bar bem estiloso com banquetas no balcão, lembrando ambientação dos bares das novelas que víamos nos anos 70.
Para a espera, mesinhas e cadeiras baixas num estilo art noveau, leves, bonitinhas e coloridas, misturadas com outras mais anos 70 também baixinhas. Divertidas peças garimpadas por alguém de bom gosto ousado.
As cadeiras e mesas de madeira, algumas com opção em frente à parede com sofá.
O pé direito alto dá muito charme ao local, assim como a grande pilastra revestida de pastilhas com brilho, um toque do passado.
Ficamos na parte de baixo, numa mesinha com sofá. O casal ao nosso lado estava realmente bem perto, mas nada que pudesse comprometer a nossa proposta de um jantar descolado entre amigas.
Preço – Como disse no ínicio, bem honesto. Independentemente do meu prato não ter sido incrível, o menu oferece outras opções com preços muito razoáveis. Eu diria, inclusive, baratos para tudo o que envolve um cardápio dessa envergadura. A massa empratada vai de R$ 25 a 44.
Nosso tempo de permanência foi de 1h30, já com o café. Inclusive o descafeinado eles têm. Não comemos sobremesa porque eu tinha brigadeiros gourmet feitos por mim nos aguardando em casa. A Maria era minha hóspede naquele dia.
Brigadeiros tradicionais, de café e beijinho |
Fomos bem acolhidas, não houve espera, o preço é bom, o atendimento jovem e o local descontraído. Tudo bom.
Soube enquanto pesquisava sobre o MoDi, que eles oferecem cestas de piquenique como o Kit Comidinhas, que eu criei. Boa ideia!
Espero que meu achado continue e melhore nos itens que pode melhorar para que eu vá e leve muitos amigos, como fazia em tempos que morava ao lado da Vila Madalena e tinha cadeira cativa em bares da região, porque eram achados. Agora estão perdidos, como é o caso do Genésio, do Filial e do Genial.
Bom fim de semana. O MoDi pode ser uma boa sugestão para o almoço do sábado, por exemplo.
Serviço
MoDi
Rua Alagoas, 475 – Higienópolis – São Paulo
Telefone: 11 3564-7031
Kit Comidinhas
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