Já sei, já sei, a gente mora, a gente vive no Brasil.
Mas São Paulo (a capital), pra mim, não é lugar de passar férias. Parece que os dias se vão na sequência do que passa na televisão, ou seja, a rotina permanece. É bom sair do movimento repetitivo de verdade de vez em quando, de preferência por um tempo razoável para sentir que o ciclo se rompeu. Voltar depois, é também um bom prazer.
Para isso, nada melhor do que férias no Brasil. Eu digo Brasil porque este ano, o Silas e eu, decidimos botar, cada um, uma mochila nas costas (mais pesada do que deveria) e começar e concluir nosso merecido descanso do mês de julho em lugares que não podem ser mais brasileiros: Brasília – DF, que é a capital do País, passando em seguida pela Chapada dos Veadeiros em Goiás, e depois, Bahia, também com direito à capital e a Chapada Diamantina.
Desculpem os leitores meu sumiço repentino, devia ter avisado que por alguns dias poderia não haver frequência nos posts. Quem comumente lê o blog, pode ter imaginado muita coisa. Confesso que fiquei feliz e lisonjeada com o contato de alguns seguidores assíduos que me escreveram dizendo que estavam sentindo falta das publicações. O motivo do desaparecimento momentâneo não foi nem de longe algo ruim, ao contrário, uma vez que eu sai para viajar de férias.
Não fosse pelo idioma, que é “quase” o mesmo que falamos no restante de todo território nacional, esses lugares que visitamos podiam ser mesmo outro país porque são tão diferentes, distantes de intermináveis distâncias, que a gente se dá espaço para perceber que o Brasil é grande, bem grande!
Adoro férias que me dão vontade de ver, saber e conhecer mais.
Fora a Chapada dos Veadeiros, eu já tinha estado nos demais lugares escolhidos para compor o nosso roteiro de viagem. Mas, então, por que escolher de novo esses mesmos destinos? É simples, férias de aconchego, de encontro, de família.
Costumo dizer que o Silas e eu sempre temos “grandes boiadas” quando viajamos porque temos filhos, irmãos (os dele) e irmãos que não são de sangue morando em lugares diversos, quase sempre destinos deliciosos de visitar. E se não forem assim tão gostosos, encontrar as pessoas que amamos nos completa de tal forma que não seria preciso por o nariz pra fora das casas dessas pessoas. Só que como as paisagens ajudam (e muito!) a gente aproveita e junta o agradável ao muito agradável. A questão da “grande boiada” é que a gente acaba conhecendo coisas quase como os locais, ou seja, não ficamos apenas com o que as agências de viagem oferecem aos turistas.
O roteiro planejado e até agora cumprido com louvor incluiu a casa dos filhos e noras (Ian e Raquel, Brasilia, e Pablo e Julia, Lençois, na Bahia), a da Renata e a do Aloísio, ambos em Salvador, mais Morro de São Paulo e os caminhos, vistas e cachoeiras nas belíssimas chapadas brasileiras, a Diamantina, que é a maior do Brasil, e a dos Veadeiros, estupendo porto atracador do povo bicho-grilo desde que me conheço por gente.
Entardecer em São Jorge, Alto Paraíso, em Goiás |
Cânions, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros |
Raquel e eu, na ciclovia no Setor Sul de Brasília – DF |
Igreja de Morro de São Paulo – não tem imagem do Santo na Capela |
Pablo em pleno voo no Morro do Pai Inácio, Lençois, Bahia |
Lá pelo meio da viagem, conversávamos sobre a noção que poderiam ou não ter as pessoas sobre as distâncias que estávamos percorrendo. Nossa conclusão é que tudo pode parecer próximo quando se olha no mapa, mas o fato é que nosso roteiro incluiu três dos seis distintos biomas brasileiros: Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica. Só pensando nisso, essa foi uma verdadeira oportunidade para expedicionar pela vasta biologia desse continente que é tão grande, rico e diverso.
Viagens como essa nos dão a dimensão de que o espírito viajante é que faz com que as pessoas se desloquem tanto para simplesmente se emocionar na descoberta e não, necessariamente, dinheiro e infraestrutura perfeita. Exemplo disso é que em São Jorge, um pequeno vilarejo de Alto Paraíso, na Chapada dos Veadeiros em Goiás, a grande maioria dos viajantes vai de ônibus e lá se desloca só de carona.
O mais interessante disso não é não pagar pelo transporte. É ter a chance de conhecer gente, falar de assuntos não esperados, compartilhar expectativas, despertar ou ser despertado para outras tão diferentes da sua como viajante ou turista, que é o que vale a pena pra valer, tanto para quem dá como para quem pega a carona.
Como na época da faculdade eu pedi muita carona na estrada e depois que pude comprar um carro nunca tinha conseguido retribuir e dar continuidade ao ciclo do caroneio, me realizei ao poder oferecer um pouco do meu conforto para quem estava ali ao sol, acenando para os carros que iam na direção que pretendiam ir. Foi um sonho realizado e quero repetir muitas vezes.
Já estou sentada escrevendo há mais de um hora e nem comecei a contar as peripécias, mas já me chamam para mais uma descoberta. Tenho que ir. Só garanto que o blog continua e que em breve, com as várias coisas novas que aprendi e os sabores que provei tenho muita vontade de compartilhar. Logo!
Abraço imenso, do tamanho do Brasil!!!
Realmente o Brasil é lindo, grande, diferente e aconchegante. Vale a pena conhecer seus lugares. Estou aguardando suas peripécias pelo Brasil afora.