Ontem (05/maio), tivemos aula de degustação de vinhos verdes no curso de Gastronomia.
Não foi só degustação, a aula foi bem mais profunda. A aula foi mesmo sobre Serviço de Vinhos.
Foi incrível aprender sobre os grupos aromáticos a que pertencem as uvas e compreender que não há mesmo nada de amadorismo no milenar estudo dos vinhos. Os cheiros ou aromas são o resultado de moléculas que surgem durante a fermentação, processo químico que transforma o fruto em álcool.
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Gerson Bonilha, professor de Serviço de Sala e Bar
Mas o mais incrível mesmo foi o meu colega Fernandes. Ele é uma pessoa muito, muito, mas muito especial. Durante a aula, em dado momento, ele perguntou ao professor se as todas as pessoas, ao degustarem um vinho, deveriam saber ou perceber todos os indicadores sensoriais que nos foram apresentados para uma degustação organoléptica – aquela em que são acionados o olfato, a visão e o paladar para dar um veredicto sobre um determinado produto. E disse:
– Eu pergunto isso, professor, porque eu nunca pus vinho na boca antes!
Uau! Não é demais?
Na hora, eu achei que, talvez, ele estivesse exagerando. Mas, não!
Ao encontrá-lo logo depois da aula, perguntei a ele se havia gostado da aula. Foi quando ele me respondeu que sim, especialmente porque eu tive uma sensação que nunca havia tido antes. Eu arregalei os olhos e me voltei para ele com o máximo da minha curiosidade humana.
– Verdade mesmo, Fernandes? Você nunca havia posto vinho na boca antes? – eu disse.
E ele:
– É verdade, essa foi a primeira vez que eu experimentei uma bebida alcoólica.
Aí foi que eu não me contive. Eu simplesmente precisava saber o que uma pessoa sente a primeira vez que degusta algo tão especial quanto um vinho. Por mais que eu puxe na minha memória, não tenho a mais vaga ideia de quando foi a primeira vez que experimentei um bebida.
Na minha casa quando éramos pequenos não havia essa proibição do álcool para menores como se faz hoje em dia. Meu pai gostava de beber cachaça e ele sempre deixava que nós, crianças, puséssemos o dedinho dentro da pinga e depois levássemos à boca para saber que gosto tinha. Portanto, não sei quando foi que bebi pela primeira vez.
A ingênua fala do meu colega Fernandes me levou a devaneios, fui para outros tempos e para reflexões sem fim. Fique pensando sobre o quão especial é alguém ter uma nova experiência gustativa, como a de provar pela primeira vez vinho! Digo experiência nova e plenamente memorável, porque consegue ser completamente nova mesmo se tratando de um produto que está disponível facilmente para os que queiram (e possam) numa cidade como São Paulo.
Por que ele nunca teria querido provar algo tão fundamental (na minha vida) antes?
Lembrei do filme Moça com o brinco de pérola (2004). Quem viu talvez associe o mesmo que eu, quem não viu, é um belo filme, deveria ver (eu e minha digressões).
Fernandes, meu querido amigo Fernandes, que eu não o perca de vista porque tenho muito para aprender com você.
Outra hora conto sobre a parte técnica da aula. Beijo!
(republicado de 06/05/2014 do blog Mcgavioli)
Na casa do meu avô italiano não havia bebida diferenciada para as crianças… era colocar água e açúcar no vinho. Conte mais sobre os vinhos verdes! Talvez por não ser uma degustadora especialista, só consigo achar graça nessa brincadeira de degustar – identificar aromas, notas, tanino, retrogosto – quando é com tintos.
Oi, Solange!!!
Vou escrever nos próximos dias sobre a degustação dos vinhos verdes.
Beijo enorme, puts saudades suas!