Ontem, fomos a Haia (Haag). É aquele lugar onde o Ruy Barbosa, a nossa Águia de Haia, defendeu a igualdade entre os Estados em 1907. Quase todo mundo estudou isso na escola e já não lembra mais.
A cidade é lindíssima e bem grande. Diferente de Amsterdã que é cheia de canais, Haia tem avenidas longas e arranha-céus. É lá que vive e trabalha o rei dos Países Baixos, que a gente costuma chamar de Holanda. Netherlands é formada de 12 províncias: Zelândia, Holanda do Norte, Frísia, Holanda do Sul, Guéldria, Limburgo, Brabante do Norte, Overissel, Drente, Groninga, Utrecht e Flevolândia. A cidade de Haia é a capital da Holanda do Sul.
Tudo isso pra dizer que quisemos aproveitar o dia de sol para poder visitar um parque chamado Madurodam, uma grande representação dos Países Baixos em miniatura. O lugar é feito para crianças, tem várias atrações interativas muito educativas, mas que é super interessante também para os adultos.
Miniaturas do Parque Madurodam, em Haia |
Uma das atrações, a que mais me chamou atenção, é um espaço dedicado à paixão do cidadão nederlandês ou holandês, como preferimos, pelo futebol. É um espaço que se parece com a entrada num estádio de futebol onde há duas salas, a primeira com puffs laranja no chão e a segunda, uma sala de cinema. Na dos puffs, há TVs em vários pontos, as luzes se apagam e são mostradas as grandes vitórias e derrotas da Holanda nos principais campeonatos de futebol mundial. Tanto a Copa do Mundo da Fifa quanto os campeonatos europeus como a Eurocopa e Uefa.
Eu na foto junto da Seleção dos Imortais – Laranja Mecânica de 1988 |
Só uma pausa no raciocínio para inserir um outro: no sábado passado, 05/07, à noite, estávamos em Amsterdã e vimos o jogo da Holanda contra a Costa Rica. Foi uma alegria geral quando o sufoco dos pênaltis deu a vitória para a Holanda. Os holandeses são completamente loucos por futebol. Assim como no Brasil, todo mundo fica mudo quando o jogo vai mal para o seu lado e, na situação oposta, todos vibram alucinados quando o time do seu país joga bem. Naturalmente…
Voltando à sala de cinema do parque Madurodam, a segunda sala a que me referi antes. Depois de ver a história do time holandês, no outro espaço foi exibido um filme com um resumo dos principais lances dos jogos de 1988, quando a Holanda, de virada, venceu a Eurocopa. 1988!! A Holanda tem um time fortíssimo. Foi duas vezes vice-campeã em Copas. no entanto, nunca ganhou um título mundial, ou seja, chegou bem perto, mas não venceu nunca uma Copa do Mundo.
Madurodam é um parque que ensina crianças a terem orgulho de seu país. As grandes marcas mundiais como Philips, Shell, Heineken, Unilever, ING e outras, bem como os grandes monumentos dos Países Baixos estão lá “miniaturizados” para que as crianças aprendam a sua história desde pequenas. Para que se sintam parte de um país honrado, civilizado, batalhador. Um país que produz flores mais que todo o resto do mundo!
Os jogadores da Holanda não foram vaiados por seus conterrâneos quando perderam, ou melhor, quando foram vice. Foram honrosamente recebidos de volta ao seu país.
Para os holandeses amar a seleção orange vai além das vitórias |
Eu também estou perplexa com a derrota do Brasil no jogo da semifinal contra a Alemanha. Uma derrota histórica de 7 a 1, que só não foi pior porque, acredito eu, os alemães ficaram constrangidos em causar tamanho vexame na casa do anfitrião. Estou triste. Sem muito para argumentar, mas a torcida estarrecida permaneceu no estádio. Os jogadores estavam envergonhados e é nosso dever como pessoas olhá-los como pessoas.
Brincadeiras à parte, no meio do jogo eu, que vou amanhã para a Alemanha, comentava tentando fazer piada da situação que a partir de hoje na minha viagem sou italiana. Mas não é isso que sinto, de verdade não é isso. Fiquei mal como todo brasileiro, senti pena daqueles meninos tão jovens e inexperientes, embora cheios de dinheiro (eu já sei), que permaneceram jogando até que chegassem os 90 minutos do encerramento da partida. Eles podiam ter desistido, mas é preciso manter-se em pé frente às derrotas. Que se aprenda a lição.
Como eles vão jogar a disputa do terceiro lugar? Ninguém sabe. Nem eles. Mas que o exemplo holandês nos sirva para alguma coisa. Eu continuo tendo orgulho de ser brasileira, com muito amor. A camisa amarela ainda me representa e assim será sempre. É ruim, mas é bom, afinal!
Dedico esse texto ao “menino” Oscar que marcou o gol da honra do Brasil aos 90 minutos do famigerado jogo de hoje. A ele que saiu desolado, numa nítida crise de nervos do gramado em Minas Gerais.
Ainda temos que dizer que essa é a Copa das Copas. Torço agora para que a Alemanha vença a Copa do Mundo de 2014. Sem teoria da conspiração, com fair play. Para a Argentina, eu não torço mesmo, sou brasileira, oras!