Panna cotta. Comida, assim como roupa, entra e sai de moda. De vez em quando, aparece um “clássico” quase esquecido ressurgindo das cinzas e vira hit novamente. Para os mais ortodoxos e formalistas, há aquelas preparações que nunca deixam de estar nos cardápios porque são simplesmente clássicas. E eles têm mesmo razão.
Não sei ao certo qual é a classificação da panna cotta. Se é um clássico verdadeiro, se teve momentos de esquecimento e agora vem ressuscitando… Novidade, novidade, não é, embora eu não a tenha conhecido há muito tempo, mas isso pode ser mesmo uma falha minha, falta de informação, talvez, ou olhar viciado. O fato é que nos últimos tempos ando vendo a tal sobremesa com frequência, tanto nos programas de TV, quanto em receitas de sites e revistas. A minha atenção se voltou para ela e eu andei testando suas possíveis variações.
A expressão “panna cotta“, quando traduzida do italiano, quer dizer literalmente nata cozida.
O doce é uma sobremesa típica da região do Piemonte na Itália que é feita a partir da nata do leite (ou o que chamamos de creme de leite), açúcar, espessante (gelatina) e especiarias. É servida sozinha, com calda, com frutas ou para acompanhar uma compota, por exemplo.
Não é difícil de fazer panna cotta. Encontrei muitas receitas, cada uma ao seu jeito. Mas dadas as facilidades industriais que temos disponíveis, resolvi adotar a receita da que é feita com leite condensado, creme de leite e gelatina.
Atingi um bom resultado quando consegui fazer com gelatina incolor. Na primeira vez que fiz, eu só tinha gelatina vermelha sem sabor em casa, o que tornou uma perfeita heresia chamar o doce de panna cotta, já que ficou rosa. É condição sine qua non (sem a qual não) que o doce seja branco, leitoso. Do contrário, não é panna cotta.
Panna Cotta
Ingredientes
1 lata de leite condensado
1 lata de creme de leite
1 envelope de gelatina incolor e sem sabor
água para dissolver a gelatina
1 xícara (chá) de leite quente
1 fava de baunilha
Para uma possível variação: 1 vidro de leite de coco
Modo de fazer
Misture o leite condensado com o creme de leite (e o leite de coco, se for fazer a variação), acrescente a gelatina já dissolvida na água quente. Ponha a fava de baunilha no leite quente para saborizá-lo por cerca de 5 minutos e depois misture-o ao restante dos ingredientes. Misture bem, retire a fava de baunilha e leve à geladeira em forma de pudim por, no mínimo, três horas.
Se preferir, pode levar à geladeira em taças individuais, que poderão ser servidas diretamente na mesa. Desenforme o doce e sirva com uma calda de sua preferência.
Como servir a panna cotta
Eu fiz um coulis de morango para servir por cima. Coulis nada mais é do que uma geleia pedaçuda ou uma calda na qual foram cozidas frutas em pedaços. Não demora nem 10 minutos o preparo.
Um doce que combina bem com a panna cotta é o de abóbora. Seja com coco ou em calda, é algo que orna bem.
Não importa se voltou à moda ou se se sempre esteve visitando as mesas como um clássico. Há sobremesas que são simplesmente chiques. Esse é o caso da panna cotta.
Não sei se o leitor já reparou nisso, mas tem doces que são elegantes e refinados, independentemente de seu modo de preparo. Não estou me referindo aos delicados produtos da mais fina ‘patisserie‘ francesa. Eu me refiro a sobremesas como o doce de laranja, aquele feito com a muitas vezes desprezada e amarga laranja cavalo, que é servido em compoteiras.
Outro símbolo de elegância é o bolo de nozes no qual é polvilhado açúcar de confeiteiro para ficar como neve. Há outros ainda dignos de se qualificarem por sua elegância ou galhardia. Uma questão de personalidade.
Pra mim, há pratos que merecem louças refinadas, de primeira linha. Outros, não, porque são mais comuns. Há até os que são vulgares. Não menos saborosos, mas com proposta diferente. Podem até estar num potinho qualquer dentro da geladeira que tudo bem.
Sem a pretensão de humanizar demais as comidas, um dia desses ainda faço uma seleção dos preparos que estão numa coluna de comuns e dos outros, os que fazem parte do grupo aristocrático.
Como escrito antes, à panna cotta atribuo a comenda da elegância e sofisticação. Seu porte lhe garante que nunca será uma vedete, sugando todos os olhares dos que estão em volta da mesa. Mas ela não fará feito em nenhuma situação, ao contrário, será bem-vinda em qualquer banquete porque sabe se comportar com sobriedade e refinamento.
Dica sobre a fava de baunilha
A fava da baunilha pode ser reutilizada. Quando o preparo já estiver com sabor, pode ser retirada, lavada e, depois de seca, guardada para novo uso.