Vista de Ouro Preto |
As cidades históricas de Minas Gerais sempre foram uma paixão minha. Quando era estudante, ainda no Ensino Médio, naquela época chamava-se Colegial, eu tinha um sonho de conhecê-las, mas tinha que ser chegando de trem.
Depois cresci, estudei um pouco mais e vi que isso não seria possível. Os trens para passageiros, do tipo Maria Fumaça, daquela visão romântica que eu tinha, só existem nas novelas e numa versão bem menos atrativa para atender milhares de turistas que fazem aquela farofada braba quando viajam, bem sinônimo de gente falando alto e comendo salgadinhos Elma Chips nos vagões. Romantismo passa longe, portanto.
Maria Fumaça – Tiradentes – São João del Rei |
A popularização do turismo é, em primeira mão, excelente para a economia das cidades, mas leva a esse resultado também. Apesar da balbúrdia nem sempre muito divertida para alguns, mas bem feliz para outros, é melhor que seja assim. Embora não goste de lugares cheios e barulhentos, eu sempre prefiro que todos tenham oportunidade de conhecer novos lugares e aprender com isso. Educar-se é um processo afinal e o turismo é uma boa fonte para o aprendizado.
Fachada Igreja de Bom Jesus de Matosinhos – Congonhas |
Minas Gerais é um estado cheio de história, de saberes e sabores muito genuínos. Entre as cidades mineiras que se destacam como patrimônio da humanidade está a linda Ouro Preto, com suas igrejas, casarões, museus e, claro, muita história para ser contada. Destacam-se também Mariana, Tiradentes, Sabará, Congonhas e São João del Rei. Todas têm em comum obras do período Barroco no Brasil, que teve como ícone máximo o mestre Aleijadinho, que deixou significativo acervo não só produzido por si mesmo, mas também por seus aprendizes.
Nesse feriado de Corpus Christi, planejamos fazer de carro o circuito das cidades históricas mineiras para que minha mãe as conheça, já que ela nunca esteve lá.
O preparo da viagem é sempre um pouco tenso porque como não temos uma agência programando tudo o que faremos ficou por minha conta criar um roteiro e iniciar os preparativos.
Primeiro, foi a chamada para família. Gostaria que todos viajássemos juntos, mas é bem difícil conciliar as agendas e as expectativas de todos. Comecei achando que seríamos mais de dez pessoas viajando, mas fechamos em seis, quase três semanas depois da primeira ideia ter sido informada num e-mail para a família.
Segundo, conseguir reservar pousada num valor acessível em condições que atendam o mínimo conforto que todos esperam, caso contrário, não vale muito a pena sair de casa.
Esse foi um ponto bem difícil dessa organização porque no Brasil (e outros lugares também) há uma espécie de cartelização no atendimento turístico em feriados prolongados. Os donos dos hotéis e pousadas combinam entre si que todos somente venderão pacotes para esses dias. Claro que com preços bem mais altos do que fora de temporada. Mas a questão nem é o preço praticado porque isso é assim mesmo, quem tem uma pousada ganha nesses períodos o suficiente para se manter na época de baixa. Normal.
A questão é que se você pretende fazer um circuito, ou seja, andar por várias cidades, não tem como se hospedar numa cidade no primeiro dia e em outra no segundo e assim por diante. A menos que aceite pagar pelo pacote todo (de no mínimo três diárias) em cada cidade que ficar.
No nosso caso, resolvemos pagar o pacote de três dormidas em Ouro Preto, o que fará a viagem ser mais cansativa porque esse é o destino mais distante em relação aonde estamos no estado de São Paulo. Enfim, adaptações. Pagamentos de reservas feitos, vem a próxima etapa.
A terceira parte era decidir um roteiro adaptado à hospedagem. Verificar quantos quilômetros seriam percorridos e quais atrações poderiam ser aproveitadas diante do tempo dentro do carro, do cansaço decorrente e da expectativa de congestionamento por causa do feriado.
Depois, vêm o planejamento do que será visto. Para isso é preciso se debruçar sobre os guias de viagens, fazer uma seleção do que parece mais interessante, ler a respeito e traçar metas com níveis diferentes de exigência. O que quero dizer é o seguinte: queremos ver tudo, mas isso não será possível, então é preciso eleger prioridades e aceitar que pode haver contratempos. As cidades permanecerão lá, caso não consigamos ver tudo. Então, um dia voltaremos, se for o caso.
Comida mineira típica |
Além desse planejamento, levantar dados sobre possíveis lugares para comer é importante. Referências não faltam na internet, com recomendações e críticas para evitar que se vá totalmente no escuro e se gaste muito para ser mal atendido. Mais que isso, com um grupo um pouco heterogêneo é preciso considerar os bolsos das pessoas e o quanto estarão dispostas a pagar para comer. Para isso é preciso ter sugestões e opções.
Não vejo a hora de comer tutu, mandioca frita, torresmo, vaca atolada… hummm…
O ponto de encontro e as condições mecânicas e de abastecimento dos veículos ficou por conta dos homens. Silas e Fábio acertaram entre si onde nos encontraremos e cada um tomou conta de seu carro. Esse é um item importantíssimo porque é o que se refere à segurança dos viajantes.
Arrumar as malas, sacar dinheiro, pegar a máquina fotográfica, escolher um livro, preparar umas guloseimas e umas frutas lavadinhas para comer no caminho, providenciar água e também as músicas para tocar na estrada são outras das providências.
O espírito viajante é próprio de algumas pessoas, outras são mais locais. Muitas vezes, falta experiência e algum jogo de cintura que é algo fundamental em viagens. Compartilhar essa experiência dessa vez com gente que amo tanto vai ser bem divertido. Assim espero. Espero que na volta tenha lindas fotos, muitas risadas e mais uma grande experiência para compartilhar por aqui.
Que Nossa Senhora da Boa Viagem nos acompanhe. Conto o que for mais legal depois!
Bom feriado!!!