Semana passada, Silas e eu estivemos em Pirenópolis, aquela cidadezinha bonitinha aos pés dos Pireneus de Goiás, em cujas cachoeiras os brasilienses se refrescam do calor do Planalto Central seja em tempos de chuva ou de seca, porque sempre é quente no Distrito Federal.
Pirenópolis, a história
Acho que meu encantamento pela cidade tem a ver com minha memória de infância, porque Itu, a cidade em que eu nasci e vivi até os 17 anos, já foi assim. Exceto pelo calçamento de pedra, que em Pirenópolis foi feito com sobras da pedreira de quartzito-micáceo, e em Itu, de paralelepípedo, que em geral provém da de rochas, tudo era bem parecido nas duas cidades.
Lamentavelmente, os destinos de ambas foram bem diferentes. Itu não teve a mesma sorte de Pirenópolis, que, de acordo com o site da cidade:
Em 1989, a cidade foi tombada pelo IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, como conjunto paisagístico e em 1997 iniciou-se um projeto de revitalização do Centro Histórico, quando a Igreja Matriz, o Cine-Pireneus, o Teatro de Pirenópolis e outros monumentos foram restaurados, reformados e reconstruídos criteriosamente.
Como paulista que sou, admito que tenho pouco conhecimento sobre a história e a preservação de locais no Brasil que não estão relacionados facilmente em livros didáticos de disciplinas como História e Geografia.
Aqui faço um parêntese sobre a importância que reconheço nessas matérias para a formação de um povo e na sua consciência cidadã. Não é pouco meu sofrimento frente ao descaso de nossos Governos que tanto quanto podem desvalorizam o ensino sobre o nosso passado. É como se nossa gente não precisasse, nem “devesse”, entender nada já que é dessa fonte que se bebe para a compreensão do que o futuro nos reserva. Tornar disciplinas tão fundamentais apenas meras opções secundárias na educação de uma criança ou adolescente é cortar-lhe o passado e a consciência do seu amanhã. Pronto falei!
Voltando ao meu tema inicial, como não conheço bem a história do Brasil que não está nos didáticos livros que enaltecem São Paulo, Minas, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e o Nordeste (feito só de Bahia e Pernambuco), causa-me alguma perplexidade a descoberta de lugares tão incrivelmente bem desenvolvidos em termos turísticos e históricos como a pequena Pirenópolis ou a encantadora Goiás Velha. Essa última vale um capítulo só dela, tão doce e poética como Cora Coralina que é.
Pirenópolis é lugar de ir e ficar uns dias ou de visitar várias vezes. Repleta de pousadas de gente hospitaleira, é charmosa e muito festiva. Ali a festa do Divino dura 20 dias, com tudo o que tem direito, preservando um folclore que já não se vê facilmente. Por lá, ainda fazem as “Cavalhadas”, um tremendo espetáculo de luta entre cavaleiros de grupos rivais que envolve grande parte dos moradores. Isso é característico nas festas populares muito tradicionais do interior e atrai turistas de toda parte, curiosos dessas manifestações artísticas.
Mas o entretenimento vai além. Tem igrejinhas históricas, comércio de souvenirs, de artesanato e de tapeçaria e roupas de casa; tem sorveterias, restaurantes e bares para diversos gostos e bolsos; tem uma riqueza histórica de dar gosto e uma exuberante natureza que a rodeia, com uma cadeia de montanhas que são os Pireneus do Brasil (nada a ver com os Pireneus na Europa, ver post) e a característica vegetação do Cerrado, que, não falta muito, se tornará apenas pastagem para o gado, já que isso é o que os donos desse país mais valorizam e eu lamento.
No Cerrado, não raro, se encontram ilhas de vegetação características da Mata Atlântica. Ele é o bioma intermediário entre a faixa litorânea e o território da Amazônia e, bem por isso, tem importância fundamental para a preservação de um sem número de espécies animais e vegetais que só existem em função dessa área de transição.
Há muito pra ver e comentar sobre a pequena e acolhedora Pirenópolis, mas não pretendo me deter em características históricas, que isso já houve quem tenha escrito com mais conhecimento e competência que eu. Só por curiosidade, vale dar uma navegada nesse site.
Restaurante da Bibba
Eu quero mesmo é contar que por lá tem um restaurante que é antiquário ou um antiquário que é restaurante. Melhor que isso, é que só se serve bacalhau. Sim!!! Um cardápio com seis pratos de bacalhau no qual há uma incrível moqueca com um toque bem baiano, já que leva coentro e azeite de dendê.
Causa estranheza uma moqueca feita de bacalhau? E um antiquário onde todos os itens à venda são usados pelos clientes do restaurante, tais como pratos, copos, talheres, mesas e cadeiras?

De toda sorte, fica a dica sobre o turismo pelo Brasil. Que tal sair da caixa e pensar mais amplo? Praia é legal, mas toda vez? Pirenópolis vale a pena! Vá, se puder!