Especial colaboração de Euzi Dognani
Esta semana, a Euzi, aquela minha amiga mãe do Rafael, que mora em Wolfsburg, na Alemanha, publicou no facebook fotos de uma quiche (substantivo feminimo segundo o Dicionário Aurélio e comum de dois gêneros de acordo com o Houaiss) que, embora as fotos não tenham cheiro, eu juro que senti um perfumado aroma no ar e fiquei com a boca cheia d’água.
Rafael, eu e Euzi em Goslar, Alemanha, julho/14 |
Ghiforn, Alemanha, jul/14, Museu do Moinho |
Pedi que ela me mandasse a receita e um texto a respeito. Ele me disse que a receita saiu do Tudo Gostoso e, honrosamente, recebi um texto no estilo mais Euzi que meus leitores terão o prazer de degustar a seguir:
Quiche lorraine
Nem blogueira, nem cozinheira, nem pretensa chef gourmet. Mas, atendendo ao pedido da amiga e comadre Maria Cláudia (esta sim um craque) conto rapidamente como fiz o quiche lorraine. Quem me conhece já sabe, nao sigo letra de música, nem receita culinária.Sempre que começo a cozinhar algum prato, sei tão somente como não quero o seu sabor e textura, mas não tenho ideia como ele sairá. No caso do prato citado, não gosto de quiche com gosto de ovo no recheio e com massa que esfarela todinha e você fica caçando as migalhas com o garfo para tentar saboreá-la.
Receita do google na tela, suprimi um ovo e acrescentei um pouco mais de manteiga e água gelada na massa. E assim procedo com todas as receitas culinárias e, acredito, que na vida. Já sei exatamente o que não quero… mas este é papo prum blog da vida inteira.
Cozinho todos os dias, não é hobby, é necessidade. Só a limitação de prazer entre as panelas já seria suficiente para me desanimar, mas moro num outro país (Alemanha) o que significa: ingredientes provenientes de diferentes países, fogão e forno imprevisíveis a meu ver e uma língua nada fácil.
Depois de um ano cozinhando para uma criança de um ano e um marido com paladar bem brasileiro, fiz malabarismos para alimentar a família. As descobertas são constantes, a preguiça me impede de contar todas. Apenas três curiosidades da cozinha alemã:
– Primeira: A caixa de ovos tem 10 unidades e não 12. A de seis, tem seis. Ninguém conseguiu esclarecer o porquê.
– Segunda: As assadeiras e formas de forno são sensacionais. Nos mais variados formatos, pesam como um motor Volkswagen, vem com um carimbo Made in Germany e um selo de garantia escrito: pra vida toda. Incríveis!! Sempre penso na sua mãe, Cláudia. Dona Neuza ia gastar a aposentadoria toda só em assadeiras, rsrsrs.
– A terceira: a exemplo do português, em alemão temos o verbo backen (assar). Levam tão a sério que a expressão guter backer (bom assador) define a pessoa que faz e assa bem bolos, pães, tortas, quiches etc. Não se trata de um bom padeiro. Preste atenção, você pode ser um bom assador e regular cozinheiro. Considerando a exigência da língua, o elevado padrão das assadeiras torna-se uma necessidade.
Meu próximo quiche para agradar o paladar brasileiro do marido será de frango com catupiry. Como não temos catupiry, apelaremos para a imaginação e infinitas prateleiras de queijos existentes por aqui. Beijo.
Adorável, não? Só para não parecer que apenas diante de um preparo culinário é que trocamos figurinhas, a Euzi e eu, há muitos anos já nos correspondíamos. Lembrei-me agora de uma carta que me escreveu quando vivia em Londres e de lá me mandou uma folha seca caída de uma árvore no outono. Coisa mais linda! Tenho até hoje.
Quanto à receita de comadre, procurei no Tudo Gostoso e encontrei uma quiche lorraine com quatro estrelinhas que foi enviada por uma comadre de alguém chamada Alyne Karla. Com os meus agradecimentos antecipados por reproduzi-la, aproveito para mandar um beijo enorme para a comadre Euzi, o compadre Alex e o afilhado Rafael. Saudades muitas.
Quiche da Euzi sendo preparada |
Depois de assada |
ACHO QUE VAI FICAR OTIMA