Convidada Especial : Angélica Estrada
Angélica é um belo nome, desses que só vestem bem algumas pessoas muito doces, um pouco travessas e muito sensatas. Angélica porque vem de anjo e eu não posso imaginar anjos que não sejam doces, travessos e sensatos.
Ela é ainda estrada.
Eu a conheço desde muito menina porque morava na minha rua, ao lado do cinema, que era meu, mas também deve ter sido dela. É a filha da dona Carminha, a menina de trança e de olhos redondos como jabuticabas. Fomos “anjos” no coral da Igreja Redentorista juntas várias vezes. Estudamos na mesma classe por muitos anos. Sempre nos quisemos bem. Escolhemos a mesma profissão, mas trilhamos caminhos diferentes.
Há anos, quase nunca nos encontramos pessoalmente, mas eu sinto que há tanta admiração entre nós, tanto carinho, que talvez se a gente se encontrar não seja assim tão bom quanto penso que é. É muito raro querer bem e respeitar alguém como eu a respeito.
Sempre a achei tímida. Hoje, no entanto, ela escreveu um texto no Facebook que a expôs de um jeito tão visceral que pude sentir cada uma de suas lágrimas como minhas. Identificação, reconhecimento. Angélica, minha querida, obrigada por “me” expressar tão bem.
Eu choro
Eu choro quando o coração aperta, quando realizo sonhos, quando fico em frente ao mar, quando conheço novos lugares, quando vejo o sofrimento de animais, quando sinto saudade, quando o aperto de mãos toca a alma, quando a noite parece ser mais longa do que de costume, quando ouço aquela música, quando sinto vontade de estar onde não estou, quando o céu parece enviar mensagens por meio de suas nuvens, quando gestos de pessoas me fazem acreditar na humanidade, quando não ouço aquela voz confortante.
Eu choro quando fecho as malas ao final de um passeio, mas também quando chego em casa e me sinto protegida; eu choro quando recebo um abraço acolhedor e nem precisei pedir por isso; eu choro quando apenas o olhar acalma, não havendo necessidade de troca de palavras. Eu choro ao assistir a um filme, ao ler livros, ao admirar as obras de meus ídolos, ao ouvir o canto dos pássaros. Eu choro no trânsito, embaixo do chuveiro, caminhando, durante um pensamento ou contemplando olhos mais que especiais.
Eu choro quando me decepciono, quando me desespero, quando me despeço para sempre, quando sinto medo, quando a felicidade chega arrebatadora, quando há perdas, quando há reencontros.
Eu choro em público ou escondido. Eu simplesmente choro. E eu continuarei chorando, porque minha emoção me permite.
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Sobre a autora:
Angélica Estrada é jornalista, mora em Itu. Trabalha na revista Campo & Cidade.