Fora a ansiedade imensa pouco antes da chegada dos participantes, aquele friozinho na barriga que nos acomete em todo evento, o sábado foi um dia muito produtivo e estimulante.
Logo de manhã, antes das sete (em dias de festa eu acordo antes das galinhas), eu já estava de pé na cozinha, organizando a sequência das ações planejadas para o dia. Tudo tinha que ser perfeito (ou quase) para que a estreia fosse, no mínimo, uma noite muito agradável para todos nós.
Numa situação como essa, tudo o que é possível prever e adiantar, é melhor que seja anotado e adiantado. No entanto, há coisas que não podem ser feitas antes. Por isso, eu precisava fazer os bolos de amêndoas que deveriam estar frescos e fofinhos à noite, por exemplo.
Feitas as fornadas do bolo, os embrulhei em papel alumínio para não ressecarem porque o dia estava muito, muito seco no sábado passado em São Paulo.
Aí foi a vez de ir comprar o pão italiano fresco para os crostinis e o radiccio da salada. Isso também não poderia ter sido feito antes sob pena de não estarem no ponto ideal para serem trabalhados e servidos.
Depois preparei o parmesão que seria usado na salada quente e assim que terminei, montei a mesa. A toalha, os guardanapos, louças e talheres já haviam sido decididos anteriormente.
Aí vieram as folhas da salada para serem higienizadas, a mise en place* de cada preparo e a preparação psicológica da equipe (rsrsrs).
Como andei escrevendo por aqui e no site do Lá em casa pra jantar, essa seria uma nova experiência pra mim e também, claro, para minha adorável (e “estabilizadora”) equipe, formada pelo Silas (meu incrível companheiro) e a Bruna (a minha mais fiel escudeira), nessa primeira edição.
Uma vez que eu tinha pensado em tudo muitas vezes, na minha cabeça havia clareza do que deveria ser feito, mas não havia na deles. Por isso a comunicação é tão importante nessas horas. Uma equipe que se entende só no olhar é algo que se conquista com o tempo, mas ainda essa precisa de boas conversas para que tudo fique esclarecido e não haja confusões e atitudes contraditórias na hora H.
Como tudo era novo, eles tiveram que ter bastante paciência comigo porque muitas das perguntas que me fizeram (já que era eu quem estava movimentando o timão) não tinham resposta, apenas suposições. Por exemplo: e se todo mundo quiser repetir o prato? Considerando que num restaurante para que a gente repita o prato é preciso pedir e aguardar e pagar por isso, eu poderia responder que isso é o que seria feito. No entanto, Lá em casa pra jantar não é restaurante. Mas, o risoto (que estava previsto no menu) é servido assim que fica pronto, tendo a chance de ter o seu sabor e textura completamente modificados se ficar parado esfriando na panela. Só que em casa, se a gente tem vontade de comer mais, isso não é tão relevante. Esse é só um exemplo das dúvidas que tínhamos antes da festa começar.
Outra delas era o vinho. Quanto se serve de vinho? E se as pessoas quiserem mais vinho? É possível que haja pessoas que queiram beber muito e até ficar bêbadas. O que faríamos diante disso? Como não somos restaurante e nem adega, teríamos que resolver essa questão, embora eu tivesse comigo a certeza de que os que viriam aqui aproveitariam o tom e a medida do que lhes fosse servido.
Talvez isso se deva aos anos de experiência fazendo eventos. Talvez seja só feeling ou intuição mesmo…
Há uma mágica na organização e condução de um evento. O ritmo que é dado a ele tem muito a ver com como foi pensado e estruturado. Tudo tem solução sempre. Para isso valem os princípios da educação, gentileza, honestidade e firmeza para delimitar as possíveis “folgas” de alguns pra cima da gente.
Mas a experiência de sábado passado foi sensacional. Deu tudo certo!
As pessoas respeitaram o horário do serviço, houve um linda integração do grupo e todos conversaram animadamente, nossa equipe funcionou super bem, eu consegui até sair da cozinha e ir conversar com os “comensais” durante a refeição para sentir como tudo estava indo.
Depois de todo o serviço feito, quando já estávamos todos relaxados com as barriguinhas cheias, notei que havia me esquecido de uma das sobremesas.
Os queijos que eu havia programado no menu não foram servidos. Com toda honestidade, disse às pessoas que me perdoassem e fui providenciar. Então, mais uma rodada de boa conversa ocorreu. Na minha avaliação, foi até legal. Confesso que isso não me estressou.
Tudo foi feito com tanto amor, tanta dedicação que o erro, a meu ver, ficou perdoado.
A sequência dos serviços foi a seguinte: em pratos de sobremesa, foram servidos individualmente três crostinis para cada pessoa. Depois veio a salada quente de radiccio (que dá título a esse post e tem receita pra quem quiser fazer em casa). Terminada a salada, o menu previa três risotos, um de hortelã com brie, um de peras com queijo de cabra e castanhas e um bem brasileiro, de carne seca com abóbora. Todos foram servidos no mesmo prato para que pudessem ser comparados.
Na sobremesa, os queijos! e uma terrine de chocolate com castanhas e tâmaras e um bolo de amêndoas com coulis de morangos.
Os vinhos só foram trocados da refeição para a sobremesa, quando o chardonnay australiano foi substituído por um vinho de colheita tardia chileno, para acompanhar e contrastar com os queijos e o doce.
Para fechar, café e os comentários dos participantes. Uhuuu!
Foi tudo de bom. Amanhã, quero falar sobre o pós-evento, uma etapa pra lá de importante pra quem é do ramo.
Espero ter conseguido agradar a quem veio porque a minha intenção era encantar.
Da próxima, conto com você. Que tal vir com um amigo que faz tempo que você não vê e quer conversar animadamente? Eu vou amar conhecer gente nova.
Ah! A salada de radiccio…
Salada quente de radiccio com queijo de cabra
Ingredientes
Para cada porção, considere:
1 folha grande ou 2 pequenas de radiccio
20 gramas de queijo parmesão ralado (grelhado até ficar em ponto de bolacha)
1/3 de colher (sopa) de queijo de cabra curado ralado
1/3 de colher (sopa) de ricota fresca sem sal
1/3 de colher (sopa) de queijo meia cura mineiro
azeite quente
sal e pimenta do reino
Modo de fazer
Na saladeira individual, coloque no fundo a folha do radiccio e o queijo parmesão quebrado em pedaços. Em outra vasilha, misture e tempere ao seu gosto os demais ingredientes (exceto o azeite). Distribua essa “farofa” sobre as folhas de radiccio. Aqueça o óleo até antes de soltar fumaça e despeje sobre a salada. Sirva imediatamente.
Fica uma delícia, ninguém acredita que é tão simples!
Beijos e até amanhã.
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