Post número 200
No sábado, fui à feira da Rua Morato Coelho em Pinheiros. É a minha feira de São Paulo, ainda que eu não more mais por aquelas bandas. Morei naquele bairro por mais de 16 anos. Pra mim, não existe lugar melhor pra viver em São Paulo. Eu morro de saudades!
Então, de vez em quando, lá vou eu dar uma olhada no que está acontecendo na Vila Madalena e arredores. Uma boa desculpa para andar nas ruas durante o dia é inventar de ir à feira.
Gosto tanto da barraca do japonês que vende shimeji, shitake e cogumelos, que me nego a comprar esses itens em outro lugar. Toda vez que quero fazer uma receita que precise de um desses fungos me desabalo de Higienópolis para Pinheiros para comprar.
No entanto, no sábado, quando cheguei já não tinha mais os que gosto. Nem por isso perdi a viagem. A feira já estava no seu último quarto, mas tinha coisas ótimas para comprar, com preços muito bons. Foi o que me fez, apesar do peso que tive que carregar, comprar pimentões verdes, amarelos e vermelhos, abobrinhas, berinjelas e dois pacotes de inhame. Tudo isso por apenas R$ 5,00. Sim! Só cinco reais. E não foi só. Quando já estava quase indo embora passei pelo peixeiro e decidi comprar sardinhas. Hummmm que delícia! Adivinhe quanto paguei meio quilo de sardinhas limpas? R$ 5,00.
Total do que gastei na feira no sábado: dez reais.
Há muitos dias, desde antes da Páscoa, eu estava querendo fazer sardinhas assadas. Só que nunca tinha feito anteriormente. Mas, sabe aquela intuição de que vai ficar incrível que bate de vez em quando? Pois é, eu estava com ela. E não deu outra!
Saindo da feira fui visitar um casal de amigos queridos no meu antigo prédio na Cônego. Dei só uma passada para pegar umas correspondências que ainda são enviadas pra lá e acabei entrando para ver a Pris e o Alex. Fiquei quase duas horas por lá, no maior papo. Também, fazia tanto tempo que a gente não se via que duas horas deram só para começar a conversa. Que gostoso ter amigos assim tão afáveis. Gente que está na sua vida sem cobrar nada e você na deles do mesmo jeito. É só amizade, um prazer enorme de se ver e sempre torcer para que o outro esteja bem e feliz. Prezo muito isso! Não tem muita coisa maior que isso nessa vida. Amor. Seja lá de que forma venha: família, amigos, filhos, bichos de estimação, livros…
Quando já tinha rolado papo a beça meu telefone tocou. Era o Silas que já estava voltando da pedalada (ou do “pedal” como ele diz). Aí resolvi ir pra casa para fazer uma comidinha pra gente.
Eu já tinha todos os ingredientes na sacola. Era só chegar em casa e executar e foi o que fiz.
Ratatouille
Prato rústico típico da região de Provença na França, desde quando surgiu no século 18. Versátil e fácil de fazer, pode ser servido quente ou frio, como prato principal ou acompanhamento. Na versão original leva tomate obrigatoriamente.
Ingredientes
1 cebola cortada em folhas finas
1 pimentão amarelo grande
2 pimentões vermelhos médios
4 pimentões verdes pequenos
2 berinjelas pequenas
2 abobrinhas médias
1/2 xícara (chá) de azeitonas verdes recheadas
1/2 xícara (chá) de azeite de oliva extravirgem ou o quanto baste
Para temperar: sal, tomilho, orégano, salsinha, pimenta do reino e pimenta calabresa
Modo de fazer
Corte em cubos similares os pimentões, a abobrinha e a berinjela.
Por ordem, refogue primeiro o pimentão verde com a cebola em duas colheres de azeite, depois acrescente os demais pimentões. Quando já estiverem exalando seu odor característico, acrescente as abobrinhas e as berinjelas. Refogue tudo até que fiquem com textura al dente. Tempere com os ingredientes sugeridos e ao final acrescente as azeitonas. Desligue o fogo, regue com o restante do azeite e tampe por pelo menos cinco minutos. Fica melhor se for servido frio.
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Sardinhas assadas
Lave as sardinhas com água, retire algum excesso de espinhas e pingue o suco de meio limão. Revista uma assadeira com papel alumínio, arrume todos os peixinhos lado a lado, por cima polvilhe sal grosso e um fio de azeite. Direto para o forno a 230 graus, Asse até que estejam crocantes ou no ponto que preferir.
Retire-as das assadeira uma a uma, batendo levemente para que saia o excesso de sal. Sirva imediatamente.
Sobre a sardinha – Está aqui um alimento de excelente qualidade: rica em ômega 3, tem mais cálcio que o leite e mais proteínas que a carne bovina. É fonte de vitaminas D, que ajuda na absorção de cálcio e de fósforo, e B12 que protege o cerébro.
Inhame no forno
Retire a casca do inhame, lave bem e corte em pedaços do tamanho de um bocado. Leve-os ao forno temperados com sal grosso, um fio de azeite e tomilho fresco por 30 minutos contados no relógio. A cada 10 minutos, abra o forno e movimente os pedaços para que todos assem e dourem igualmente.
Sobre o inhame – Importante para o sangue já que é rico em vitamina B6, tem potássio que equilibra a hidratação do corpo, vitaminas C e E, prevenindo doenças de garganta, estômago e até o câncer, é um anti-inflamatório natural, rico em fibras e em carboidratos complexos (ajuda no emagrecimento e na redução dos açúcares no sangue).
Enquanto cozinhávamos, ouvimos Edu Lobo e beliscamos umas lascas de queijo parmesão, tomando um vinho encorpado tinto, um cabernet sauvignon.
Sentamos à mesa quando escurecia… Foi um banquete e tanto. E, como já contei antes, tudo muito barato. Fora que a receita rendeu tanto ratatouille que, no dia seguinte, levamos para o antepasto do almoço na casa da minha sogra. Esse é um preparo que pode ficar vários dias na geladeira. O sabor vai melhorando. No dia seguinte é mais saboroso do que quando é feito e servido logo.
É maravilhosa a experiência de poder compartilhar esses momentos tão mágicos que a cozinha proporciona. Em função dela, fui à feira, fiz um passeio entre cheiros, sabores, cores, texturas. Acabei encontrando amigos queridos e meus velhos conhecidos feirantes da Morato Coelho… Depois, ficamos Silas e eu cozinhando juntos, reinando na cozinha, inventando moda, arrumando a mesa, discutindo o filme que veríamos depois, curtindo o som do Edu Lobo, contando como havia sido o dia de cada um enquanto estávamos longe… Não é bom? É ótimo! Tente também. Se está sem companhia, vá na sua lista de contatos do facebook e encontre alguém que, como você, também está. Juntem-se e vivam a experiência. Se não achar ninguém, faça consigo mesmo! Eu cozinhei só pra mim muitos anos e sempre fui muito feliz.
Até mais!