O lugar em que eu mais gosto de comprar em São Paulo é a Zona Cerealista. Não há shopping ou supermercado que me encante mais do que lá. As feiras, às vezes, me deixam tão feliz quanto quando vou ali na Rua Santa Rosa, mas, nem sempre. Gosto mais de lá mesmo.
Acho que é uma questão básica: eu adoro comprar comida! Especialmente aquelas saborosíssimas e que dá pra experimentar no local do tipo armazém ou empório de quando eu era criança. E, de preferência, gosto de pagar o que é justo pelo que compro.
Então, juntando lé com cré, gosto de comprar na Zona Cerealista porque lá é bem barato em relação aos supermercados, principalmente devido a boa qualidade dos produtos, a variedade é imensa e tem de tudo! Tudo o que eu amo comer.
Quando descobri esse lugar (a Alessandra e o Fauzer, meus amigos queridos é que me disseram que existia esse paraíso), eu não sabia ainda que gostava tanto de comprar esses tais ingredientes: são delícias para comer imediatamente como amendoins, damascos, figos secos, uvas passas, azeitonas, tremoços, alcaparras, picles… São alimentos lindos, cheirosos, apetitosos, suculentos … ai! Quando penso só me vem à cabeça plagiar a letra do rei Roberto Carlos: “tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda…” rsrs
Só que a minha relação com esse lugar foi acontecendo aos poucos, até a dependência quase total que tenho agora. Eu não me tornei imediatamente viciada, digo, frequentadora da região, embora quisesse muito.
A história foi mais ou menos assim: primeiro, fomos conhecer o lugar. O Silas e eu, claro! Foi meio difícil de achar da primeira vez, entramos pela rua da Cantareira, pedimos informação para um e outro e ninguém sabia muito bem como fazia para chegar na tal rua, mas, chegando lá, me senti num verdadeiro parque de diversões (outra coisa que simplesmente adoro!).
A segunda vez estivemos lá porque era fim de ano e teríamos festas de família em Itu e em Atibaia e queríamos agradar levando os petiscos e as entradas. Depois veio o nosso casamento: uau! Comprei tudo o que podia e mais um pouco! Fiz uma grande farra nos queijos, nas azeitonas, nossa! Aí eu já era fã. Não dava mais para viver sem esse vício delicioso e permitido.
Na festa de 70 anos da minha mãe, providenciei quase tudo o que eu precisa para as entradas nas lojas Camanducaia e Comercial Louro. Nesse segundo estabelecimento, tem uns meninos que cortam os queijos pra gente enquanto algumas lascas nos são servidas. Eles entendem o que a gente busca, se é algo mais caro, beleza, mas se você quer algo mais em conta, a solicitude é a mesma. Eles são prestativos e atenciosos da mesma forma.
Na emenda do feriado do 1o. de Maio, dia do trabalhador, minha mãe, que também não resiste à tentação de comprar comidas, e mais que isso, de fazer estoque de coisas gostosas na casa dela, veio pra São Paulo e lá fomos nós duas para a mais pura diversão.
E ela sempre sai com as sacolas repletas de guloseimas e com a seguinte frase se justifica:
– Eu não comprei muito, só o necessário!
Ou quando ela está escolhendo para comprar diz:
– Ai, meu neto Gabriel adora queijo gorgonzola!
Ou ainda:
– Sabe, moço, esse tipo de queijo aqui, a Bruna e o Rafael, quando vão lá em casa, sempre procuram para comer. Então eu não posso deixar de ter na geladeira.
Compreensível, coisas de avó.
Nesta última ida à região, me surpreendi com as mudanças no local. Há mais sinalização, em alguns lugares as calçadas foram reformadas, há mais estacionamentos e, por causa da zona azul, os flanelinhas estão mais organizados, embora eu não tenha sido aviltada por um. Antes era tudo mais precário.
Confesso que tenho até um pouco de medo que melhore muito porque isso vai estragar. Começam a frequentar pessoas que não curtem as comidas, os cheiros, os sabores, as texturas e as carinhosas relações humanas que existem quando o vendedor lhe oferece a concha cheia de azeitonas para você experimentar uma. E pode ser uma de cada galão de azeitonas.
Meu receio é que passe a ser um shopping center (com padrões de shopping center) a céu aberto, em que quem venha a frequentar sejam pessoas que gostam muito do padrão de shopping center de praça de alimentação, sabe? Aí, estraga porque descaracteriza. O medo é do progresso no moldes que a gente já cansou de ver.
Agora, pasmem! Só hoje quando comecei a escrever é que descobri que existe Zona Cerealista online. Pois é. Dê só uma olhada: www.zonacerealista.com.br Não é tudo de bom (porque não tem cheiro, nem conversa), mas é tudo de bom!
Só pra não perder a oportunidade, segue uma receitinha que fiz ontem com produtos que comprei na ZC:
Cuzcuz marroquino com uvas passas e castanhas
Ingredientes
2 e 1/2 xícaras de cuscuz marroquino
2 xícaras de água fervente
1 colher de manteiga
20 gramas de castanhas de caju picadinhas
20 gramas de nozes picadas
20 gramas de lascas de castanhas do pará
2 colheres de uvas passas brancas sem sementes
2 colheres de uvas passas pretas sem sementes
Sal e pimenta do reino a gosto
Modo de preparo
Hidrate o cuscuz marroquino com a água quente e misture a manteiga. Deixe descansar por alguns minutos numa vasilha tampada. Solte os possíveis grumos formados no cuscuz com um garfo e misture os demais ingredientes pela ordem.
Sugestão: sirva como acompanhamento de carne de panela tipo goulash, peixe assado, de frango com curry ou como eu fiz ontem, com ratatouille de berinjela, abobrinhas, pimentões, azeitonas e alcaparras. Eu ainda servi cebolinhas caramelizadas. Meu convidado de ontem era vegano!
Quem é o Silas e quem é o Enéas, meu convidado vegano? |
E já que o fim de semana tá começando, que tal uns petiscos (comprados na rua Santa Rosa ou no Empório Santa Maria), um bom vinho branco ou uma cervejinha especial e um pouco de relax? Todo mundo merece! Por que não você?
Beijos, bom findi. Amanhã tem Virada Cultural em Sampa.
Serviço: Zona Cerealista – Rua Santa Rosa, no Brás (pertinho do Museu Catavento)