Como tantas outras, a palavra curadoria parece estar na moda. Não que a palavra esteja tão empoderada ou seja tão potente quanto “empoderamento” ou “potência” que, nos últimos anos, se tornaram os termos mais corriqueiramente aplicados quando se pretende dar vigor ou força para grupos, em especial, os que compõem as minorias.
Curadoria se tornou um termo comum para atividades diversas que exigem a seleção de elementos de determinada natureza ou categoria para compor, por exemplo, as peças de uma exposição, os conteúdos de uma publicação ou, até mesmo, os itens de uma caixa de produtos de um clube de assinatura. No nosso caso aqui, um clube de assinatura de produtos gastronômicos.
Por princípio, a função do curador é selecionar o que é relevante e ponto. Caso haja abundância de opções, o curador será o responsável por fazer as escolhas que soem adequadas. De outro modo, na escassez, o curador é um pesquisador que busca aquilo que é, praticamente, exclusividade. Para tanto, a curadoria requer pesquisa, comparação, compreensão, análise crítica e conexão entre o que se busca, o que se encontra, o que se vai oferecer e os objetivos que têm a ver com aquilo que será oferecido. Não dá pra fazer curadoria sem visão do todo, analogamente, a “floresta precisa ser vista de cima”.
Pode parecer simples selecionar itens de uma box de assinatura de gastronomia, principalmente porque aquilo que nos dá satisfação, muito mais do que os que nos causa angústia, parece não exigir grandes esforços, mas nem tudo é tão simples quanto parece.
Conhecer a história da gastronomia e os preceitos que tornam suas técnicas, ingredientes, combinações e, mais que tudo, os seus valores distintivos, é uma condição indispensável para realizar uma curadoria de produtos gastronômicos. Para montar uma seleção de cinco a oito itens que vão compor uma caixa de assinatura mensal, sem cair na redudância e oferecendo diferentes produtos a serem experimentados ou revisitados, ressignificados e, talvez, rememorados, requer habilidades e competências que partem do gosto, mas passam por inúmeros critérios como harmonização, popularidade, sabor, desejo e outros mais até chegarem àquela filigrama que atribui preço ao valor de determinado bem de consumo.
Para os que assinam o Clube Minestrone existe a possibilidade de provar, por exemplo, quase que com exclusividade, um queijo premiado, uma bebida ainda não distribuída no mercado ou uma bala de coco produzida em pequena escala e disponibilizada unicamente num estabelecimento cujas características em nada se assemelham ao supermercado Santa Luzia ou ao empório Santa Maria. Tudo isso se deve ao trabalho de curadoria de produtos gastronômicos.
Publicado em 7 de setembro de 2022, no LinkedIn.