Visita obrigatória para amantes do vinho: La Cité du Vin, em Bordeaux. Um museu que promete unir o vinho, sua história e muita interatividade. Será que vale a pena? Confira aqui.
Cité du Vin: um museu em homenagem ao vinho, na cidade do vinho
Um museu do vinho, na cidade ícone do vinho. Claro que EU TINHA QUE IR! Eu era ainda estudante do curso de sommelier em Motevidéu quando ouvi pela primeira vez sobre La Cité du Vin. O ano era 2016 e o museu havia sido recentemente inaugurado.
Tudo em vinho ainda era muito novo e misterioso para mim, mas Bordeaux e seus lendários Premier Grand Cru são ensinados nas escolas – sem provas práticas, lamentavelmente. Me lembro que o professor avisou que iria pedir os nomes dos 5 na prova, e pediu mesmo.
Château Lafite Rothschild
Château Latour
Château Margaux
Château Haut-Brion
Château Mouton Rothschild
Nunca mais esqueci.
Um museu do vinho que parece um decanter gigante
O museu foi inaugurado em maio de 2016, mas o projeto começou muito antes, em 1998. Sylvie Cazes, co-proprietária do Château Lynch Bages, foi decisiva para a concretização do ambicioso projeto, contando com a experiência de Philippe Massol como Diretor de Operações do parque Futuroscope.
83 mecenas financiaram o sonho, entre eles, os 5 Château Premier Grand Cru Classé de 1855, Pétrus entre outros châteaux e instituições francesas e até Amigos Americanos da Cidade do Vinho.
O designe arrojado foi idealizado pelos arquiteots Nicolas Desmaziéres e Anouk Legendre e integra concreto, alumínio, cristal e muita madeira para representar o movimento do vinho girando em um decanter. As famosas galets – as roliças pedras calcáreas da região deram o tom do museu.
Como é a visita ao Cité du Vin
As atividades proporcionadas pelo museu são basicamente interativas, com a notável exceção da sala de aromas, onde o visitante pode experimentar o aroma de livros velhos, por exemplo, para treinar o olfato a encontrá-lo mais facilmente nos vinhos.
É possível viajar pelas famosas regiões produtoras do mundo e aprender com alguns de produtores aclamados em vídeos curtos, exibidos sob demanda em estações onde se escolhe o vídeo a ser exibido tocando em um país ou região.
Em estações temáticas similares, é possível aprender sobre o ciclo das vinhas, a evolução das garrafas, barricas, a história do vinho e, especialmente de Bordeaux e da França.
O ingresso, de 20 euros, dá direito a uma taça de vinho de sua escolha, no terraço com linda vista para o rio Garrone. Uma gigantesca adega circular pode ser acessada sem custo, no térreo.
Masterclasses e degustações exclusivas devem ser agendadas com antecedência e são pagas a parte.
A visita toda, sem masterclass, pode ser concluída com folga em 4 horas, mas há quem tenha ficado 10 horas no museu sem perceber o tempo passar.
Diferentes opiniões de quem já visitou
Não sei se foi minha expectativa excessiva, mas a visita, para mim, foi decepcionante. Gosto de museus “das antigas”, cheios de velharias e coisas reais. Ainda tive o azar de meu “guia virtual” – o aparelho onde é possível ouvir explicações sobre a estação em que se está) pifar 2 vezes e precisar ser trocado.
O jardim de aromas foi a experiência mais “real” do passeio. Isso foi inovador no lançamento do museu, em 2016. Hoje em dia está disponível em quase todo lugar.
Para a tão comentada taça de um vinho do mundo no terraço eu escolhi um rosé da Romênia (que depois descobri que era de Merlot! No local o bartenders não sabem informar nada. Vale pouco mais de 6 euros/garrafa).
Como é de praxe, teve também quem adorou e recomenda a visita fortemente. Colhi várias opiniões num post no Instagram, e deixo aqui o comentário feito pela Ana Carolina Carvalho (@anaintowine) que se contrapoe a meu em tudo, com muita profundidade e bom senso.
Eu já fui duas vezes, e gosto bastante da proposta!
1) As atividades interativas são ótimas pra ocupar as crianças pra quem viaja em família, mas não quer abrir mão de uma programação adulta. A molecada adora as instalações que dá pra tocar, escutar, cheirar… então um museu dedicado ao “álcool” acaba funcionando tb para os pequenos.
2) Outra coisa legal é a parte dos vídeos com depoimentos de produtores icônicos do mundo todo. Dá pra assistir entrevistas deles em casa, pela internet? Dá! Mas ver todos de uma tacada só, aproveitando a curadoria já feita, sem ter que ficar zapeando a net pra encontrar vídeos decentes, acho bem prático.
3) Tem também a parte das estatísticas do mundo do vinho. Igual: dá pra encontrar tudo na internet, mas cada informação em um canto. E no museu está tudo reunido, dando uma boa visão geral.
4) Quanto ao jardim de aromas, ok, tem em outros lugares, mas do tamanho e com a variedade desse museu, ainda não vi.
5) O museu tb oferece workshops (tem que agendar pra conseguir lugar) numa das salas de degustação mais legais que já vi. Nem escolas de sommellerie têm 🤭
6) Claro que pra profissionais, muita coisa do que é mostrado pode parecer básico, informação de entrada. Mas pensando no público de turistas que visita a França, creio que a ideia é mesmo proporcionar uma iniciação ao mundo do vinho.
7) Quanto ao preço, museu na França é muuuuuito caro. Regra geral. E um museu novo não seria diferente. Até pior, pq tem que pagar o financiamento das instalações, que são recentes.
8) Finalmente, quando à seleção de vinhos no final: tem bastante opções a escolher. Claro que não ofereceriam um Grand Cru Classé, ahaha. A ideia é pegar uma tacinha só pra relaxar ao final da visita, que pode ser bem longa (se a pessoa se propuser a ver todos os vídeos e ler todo o material disponível), e aproveitar a vista, como vc bem disse, Fabi. E mais: é uma jogada de marketing do museu. A pessoa com uma taça de vinho na mão (pode ser porcaria, mas fazer o quê) e uma vista daquelas através das janelas de vidro ou no balcão superior é um convite a uma foto, um post e uma marcação = publicidade gratuita pro museu. Bravo!
No final, ainda gosto da experiência!
Mais comentários podem ser ser vistos diretamente no post, para quem quiser pesar prós e contras ou até fazer um estudo estatístico!
Bordeaux é linda
Independente de visitar ou não o museu, a cidade de Bordeaux, as regiões de Médoc e Pessac, onde ficam os famosos 5 premier cru 1855, bem como Saint Emilion são visitas obrigatórias para enófilos do mundo todo. Para mais dicas sobre os vinhos e passeios na região, confira: