Pé de moleque: doce brasileiro parente da rapadura só que feito com amendoim e açúcar caramelizado.

Uma das lendas sobre essa delícia é a de que o nome pé de moleque se originou da fala das quituteiras de São Vicente no período colonial quando elas precisavam “ralhar” com os meninos que metiam a mão nos doces de amendoim que elas vendiam nas ruas: “Pede, moleque, pede!”. Confirmada a lenda com a professora Joana Monteleone, estudiosa de comida como eu, me sinto confortável em publicar.
Mas à origem do nome versam outras lendas além dessa. Há quem diga que o nome se deve ao formato dos pés dos moleques ou das calçadas onde eles pisavam cuja pavimentação com pedrinhas se assemelha aos amendoins colados pelo caramelo do doce. Lendas e mitos não faltam nos nomes de doces em toda parte. Aqui no Brasil, então, que é terra de cana de açúcar, dá pra escrever uma série inteira sobre o tema (olha, não é que é uma ideia boa?).
O pé de moleque atual já foi “pé-de-moleque” e “pede, moleque!”. Já foi e ainda é doce feito em casa e docinho de bar e divide atenção de quem adora amendoim com a paçoquinha, o gibi e, mais recentemente, com o pé de moça (a versão gourmetizada do moleque com leite condensado). Quando era doce de tabuleiro das quituteiras nas ruas, não contava com status suficiente para participar das mesas de chá das senhoras da sociedade. Mal sabiam elas o que perdiam, ou sabiam e comiam escondido.
Fato é que sempre teve participação nas festas de São João aqui na colônia de Portugal, porque amendoim era coisa de cá e açúcar, de 1530 em diante, por essas terras nunca faltou.
Nas Minas Gerais tem uma cidade reconhecida como a do pé de moleque: Piranguinho, onde há dezenas de lojinhas, quiosques ou barraquinhas, cada uma com uma cor diferente, onde se encontra o doce nas mais diversas versões. Cada cor representa uma fábrica de pé de moleque.
O doce na família
Minha tia Mercedes, irmã do meu pai, tinha boa mão para dar ponto em doce, coisa que minha mãe diz que não tem. Então, era da casa dessa tia que vinha o pé de moleque que a gente comia. Mas não só. A gente comia do bar do Tonico, da padaria, do barzinho do Seu João na escola e de outros tantos lugares. Houve época que o Toninho da Tere, genro da tia Alzira, tinha uma kombi e vendia doces na região e minha mãe comprava de caixa fechada pra gente comer.
Pé de moleque é doce que dá energia e nos últimos tempos, devido às pesquisas, descobri que dá alegria porque amendoim tem triptofano, um elemento que gera bem estar quando é ingerido.
Como é tempo de festa junina, o docinho entrou na caixa do clube de assinatura do Minestrone e a versão escolhida foi a de um fabricante, Da Colônia, que o faz grande e redondão, tanto que dá pra dividir ou comer sozinho em várias etapas. Junto com ele na caixa estão outras maravilhas como o bolo de rolo e o cuscuz de milho, mas a estrela hoje é o pé de moleque. Portanto, tem receita pra fazer sem errar em casa.
Receita de Pé de moleque
Ingredientes
- 1/2 kg de amendoim torrado e sem pele
- 2 colheres (sopa) de manteiga ou margarina
- 700 gramas de açúcar refinado
Modo de fazer
Leve ao fogo uma panela funda com cerca de meia xícara de açúcar. Quando derreter, acrescente um pouco mais de açúcar e derreta novamente. Repita esse processo até que todo o açúcar tenha se transforamado em caramelo claro.
Na sequência adicione o amendoim e a manteiga ou margarina e mexa por cerca de dois minutos até que tudo se incorpore.
Despeje essa mistura quente numa forma untada ou numa superfície de untada como mármore ou granito. Se quiser fazer docinhos irregulares solte o suficiente para cada doce individual ou, se preferir, despeje todo o doce e com a ajuda de uma espátula estique bem pra ficar não ficar enrugado.
Espere amornar e corte em tiras ou quadrados ainda morno. Depois de frio sirva ou embale bem bonitinho para vender ou presentear. Essa receita rende cerca de 15 doces.
Dicas
Se preferir um doce mais escurinho, deixe o caramelo ficar pouca coisa mais escuro e prepare o braço para mexer porque vai ficar mais duro rapidamente.
Servir como docinho que acompanha um café no fim da refeição é um charme a mais.
O pé de moleque é bem calórico, se a ideia for não ganhar peso, já sabe, só deguste porque depois que começa a comer é complicado parar.
Esse doce é uma boa pra criançada, numa festinha da escola ou para um piquenique.
A receita é bem fácil, mas esse é um preparo que nem sempre dá certo de cara, então, não desanime. Tente algumas vezes se da primeira vez não ficar perfeito. Você vai chegar aonde pretende se insistir.
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